Sobre o prazer e a felicidade

Apesar de ser intrinsecamente diferente da felicidade, o prazer não é inimigo dela.
Tudo depende da maneira como é vivido.
Se o prazer está contaminado com um forte desejo e impede a liberdade interior, dando origem à avidez e dependência, é um obstáculo à felicidade.
Por outro lado, se é vivido no momento presente, num estado de paz interior e liberdade, o prazer adorna a felicidade sem obscurecê-la.
Uma experiência sensorial agradável, seja ela visual, auditiva, tátil, olfativa, seja gustativa, não estará em oposição a sukha* a menos que esteja maculada pelo apego e gere avidez ou dependência.
O prazer torna-se suspeito quando provoca uma necessidade insaciável de repetição.
Por outro lado, quando é vivido perfeitamente no instante presente, como um pássaro que cruza o céu sem deixar nenhum rastro, o prazer não aciona nenhum dos mecanismos de obsessão, sujeição, fadiga ou desilusão que costumam surgir quando experimentamos essas sensações.
O desapego, como sabemos, não é uma rejeição, mas uma liberdade que prevalece quando deixamos de nos atar às causas do sofrimento.
Em um estado de paz interior, com conhecimento lúcido de como funciona a nossa mente, um prazer que não obscurece sukha não é indispensável nem temível.
Matthieu Ricard
* sukha: (sânscrito) êxtase espiritual.

Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos.

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