Quem sou eu?

Neste momento o medo
Receosa em habitar uma casa ruindo
Ouço o som das rachaduras
A ausência preenche o espaço
Neste momento a solidão
Não consigo me mover
Ficar é assustador
A casa perfeita está ruindo
Neste momento criança apavorada
O sal escorre solto
A dor não manifestada
Não há gritos, só o silêncio
Neste momento a dúvida
Quem sou eu?



Por que você quer mudar?

Um amigo me perguntou incrédulo. Por que você está fazendo terapia? O que você quer mudar na sua vida?
Ele me pegou de surpresa, num susto respondi. - Eu não quero mudar nada. Quero ser uma pessoa melhor, se isso trouxer alguma mudança como consequência, ok.
Depois eu fiquei pensando.
Realmente a minha vida está boa, nada que urgentemente precise se mudança.
Minha energia inquieta foi buscar ferramentas de transformação sem estar numa crise.
A gente não precisa ir até o inferno para construir seu céu.
Normalmente a gente houve as pessoas dizendo para não mexer no que está quieto, mas será mesmo?
Ah, eu não acredito nisso.
Uma consciência melhor, é o que eu quero. Eu não quero renascer das cinzas. Eu quero renascer do amor.

Nando Reis - Pra você guardei o amor

Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei

Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo

Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei

Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei

Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar



Nossas caixas

Umas caixas em um canto e um mistério que sorri;
Canto esquecido,  pistas para sentir.
Numa caixa de papéis e segredos inconfessáveis;
Abraços que foram embora, amores incontáveis.
Numa caixa há pessoas que passaram para amar;
Todos foram iludidos no oásis, para não avistar o mar;
Numa caixa de lembranças um aviso para lembrar:
Não viaje neste oceano,
Você pode se embriagar.
Há uma ilha inexplorada onde ninguém nunca nem viu
Somos todos passageiros, mas tenha muita atenção
Está ilha solitária é repleta de paixão;
Lá o céu é vermelho e o medo ainda é da imensidão;
Numa caixa de emoções e muitas peles guardadas;
Nenhuma dessas veste hoje, foram congeladas;
Nessas caixas um segredo que ainda está por vir
Ainda estou aprendendo, mas já sei que quero mesmo é sentir.
Arrumando essas caixas eu vi um pouco de mim;
Já não basta mais fingir;
Já não basta mais vestir peles;
Já não basta mais armaduras;
Chegou a hora de ressurgir.

O amor e sua força

Eu já escrevi outras vezes por aqui sobre a forma que eu vejo o amor, talvez até agora esteja repetindo algo, não tenho certeza.
Eu não tenho o hábito de ficar lendo meus escritos do passado, das vezes que fiz, tive que segurar o impulso de apagar e isso não é justo com a minha história, afinal, tudo isso faz parte de uma parte de mim.
Então, nesse feriado de Tiradentes eu fiz retiro e como sempre, eu voltei com muita vontade de escrever, mas resolvi digerir aos poucos.
O amor é um tema tão comum, né? Todo mundo quer, todo mundo anseia, todo mundo sofre, todo mundo ama, será?
Ali naquele lugar mágico, cheio de lembranças de um divino cuidador e amoroso, naquele solo transformador, chegam pessoas tão sedentas de amor, corações tão machucados pela ausência dele.
É tão interessante observar a pessoa em seu primeiro dia e no último! É uma escola, uma lição para lembrar a fonte.
Ali encontramos o amor verdadeiro em sua essência, aquele que não exige troca, aquele que transborda da terra, aquele que acolhe e cuida, mas que as vezes dói de tão imenso.
Amor - como ele deveria sempre ser, independente de para onde fosse direcionado.
Misturamos nossas relações com outras coisas e pintamos de amor na ilusão de assim não precisarmos lidar com os nossos próprios conteúdos, carências, desejos e traumas.
Eu me apaixono, entro naquele estado de maravilhamento, em seguida felicidade e agonia em dois segundos?
Ah não é amor. É outra coisa ou outras coisas. Isso por si só já deveria me levar a algum estágio de consciência de mim mesma, mas não. Eu vou embarcando naquela viagem de ilusão até a desistência chegar, que no meu caso normalmente, (graças a Deus) chega logo, mas não antes de me levar até o inferno. E as vezes a desistência demora e a viagem ao inferno está só começando.
A experiência do amor verdadeiro é de bem estar. Eu fico pensando, caraca eu sei, eu sinto isso em todo meu ser, mas já me perdi demais no desejo e no apego.
O amor é tão generoso, ele jamais te levaria ao inferno. O amor é alegre, é inspirador, é companheiro, é libertador. Jamais aprisionador, opressor. limitador, possuidor. O amor é um só e é liberdade.
Olhamos para o outro e vemos uma imagem, daquilo que somos por causa dela (sera?) e nos apegamos, desejamos que aquilo nunca termine, mesmo que isso custe a realização do outro. Deixamos ir, querendo que ela deseje ficar e sofremos. E assim sofrendo, queremos que o outro perceba e volte arrependido. Onde foi parar o amor nessa hora? Envolto em todas essas emoções... Ficou lá embaixo de todas as nossas sombras e ilusões, Aquela imagem do que somos quando estamos com aquela pessoa, aquele sentimento todo, é sua imagem, ela só é um espelho, mas é sua própria imagem refletida.
Tudo é consciência. O amor não tem nada a ver com o sofrimento, no grau mais consciente ele liberta. Liberta o outro para que ele se realize, para que ele seja feliz, para que ele se transforme e cresça, para que ele experimente a vida plena. Isso é o sentimento de amor para mim.
Eu vejo isso claramente nesse momento. Toda a ideia de amor que colocaram na cabeça da gente é um erro, um caminho para o inferno.
Eu só entrego verdadeiramente o amor para o outro quando entrego a liberdade para que ele seja feliz, uma entrega verdadeira, honesta, sem condições. 
Só assim, só agora eu posso dizer que conheci o amor. 






O processo continua

Não é lá fora que as coisas devem mudar, aqui dentro, na minha visão, nos meus significados é que eu preciso mudar.
As mudanças lá fora não estão dentro do meu círculo de possível transformação... talvez por isso a sensação de impotência muitas vezes.
Houve um tempo que eu fiquei tão inconformada com forma como as pessoas elegiam um amor para se relacionar e depois queriam que eles mudassem totalmente, que acabei fugindo de toda relação onde eu percebesse que a pessoa não me aceitava como eu era.
Agora , refletindo eu percebo o quanto isso, na verdade só foi uma busca insana pela validação do meu estado de "muro alto".
Achei que esse é um bom nome para a forma como eu me isolei, tentativa infeliz de não expor minha fragilidade - "muro alto". Você se aproxima, só que nem tanto.
A nossa mente é muito ardilosa, ela cria realidades para fortalecer seus condicionamentos, para validar nossas reações, fugas, medos, inseguranças e assim nos mantem prisioneiros.
É quase como uma voz falando baixinho " tá vendo, eu te falei que isso iria acontecer"...
Talvez agora eu não tenha como saber qual foi a consequência real disso tudo, até esse momento, mas uma coisa dá para saber imediatamente, eu me tornei desconfiada, uma hipócrita desconfiada. Dessas que fala para todo mundo ser livre, gritando de dentro da prisão.
Quem está por baixo de tudo isso?
Quem sou eu de verdade?
Quais são os verdadeiros anseios da minha alma?
Qual o meu papel aqui? Como posso contribuir de algum modo por esse mundo?
Estou pedindo que o universo me ajude, preciso de coragem para enfrentar meus fantasmas.



Meu processo de reencontro

Houve um tempo que caminhar observando a humanidade era muito difícil para mim. Eu estava estudando sobre o espiritismo, sobre o mundo espiritual e a descrição daquele mundo perfeito só fez piorar a minha visão distorcida deste mundo terrestre. Eu não conseguia aceitar toda a imperfeição humana que eu via por toda a parte, inclusive em mim. Indignada, eu passava a perguntar a mim mesma e para Deus, ao Universo compulsivamente "Por que?" 
A indignação, a não aceitação e a falta de humildade e compaixão envenenaram a minha visão.
Meu olhar estava contaminado, focado nas mazelas. Longe do olhar do espírito que, o meu orgulho e a minha mente, me iludiram estar presente.
Eu fiquei doente. Estava dormindo mal, comendo mal, desenvolvi várias alergias de contato, minha bronquite da infância voltou.
Uma das médicas que me atendeu, homeopata, reconheceu a mãe dela em mim. Foi interessante a consulta.
A dra. me descreveu as emoções que causavam aquelas reações físicas e no fim falou que eram típicas dos indignados. Depois que me contou que a mãe, capricorniana como eu, foi por esse caminho e terminou a vida com muita amargura. Armadilha que eu poderia e deveria evitar, pois carrega uma série de doenças.
Olhar pessoas dormindo na rua, crianças mendigando, políticos roubando, pessoas morrendo por falta de assistência, jovens perdidos nas drogas, pessoas querendo tirar vantagem uma das outras, companheiros mentindo e enganando por alguns momentos de prazer. Tudo me fez pensar que esse mundo já era, melhor seria zerar tudo e começar de novo.
Eu me afastei de tudo, parei de ir ao centro espírita, parei de ver TV, parei de ir a baladas e bares. Resolvi dar um tempo de tudo, tirei 10 dias de férias e me recolhi.
Eu resolvi me afastar de tudo que me trazia aquela sensação de mundo fracassado, de desistência. Não percebi, naquele momento que o problema estava em mim.
Na minha ignorância eu não percebi que eu devia tratar a minha visão, ela estava distorcida completamente. 
Eu só peguei o problema e escondi embaixo do tapete, no meio da sala como disse meu terapeuta.
Estou tropeçando no resultado da minha ignorância nesse momento. Trabalhando em mim a compaixão por mim mesma, me perdoando, um processo de auto aceitação que está só nas primeiras contrações e já está doendo muito.
Estou tendo ajuda de um terapeuta maravilhoso, então acredito que a vida providenciou o cuidado necessário para que eu possa dar esse passo. Estou com medo, mas seguindo.
E como tudo acontece como tem que acontecer porque existe uma força maior cuidando da gente, eis que o universo me entrega, através dele, a mensagem perfeita. Quando a recebi chorei igual criança.

"Vai convivendo com tudo isso. Deixa essas informações se fazerem carne e irem moldando sua visão de mundo e comportamentos. A dor é o mais humano dos sentimentos. Ela nos une tanto quanto o amor. Ela nos orienta, nos direciona, nos dá a noção da finitude. É uma guia confiável. A dor é um processo dentro desse grande processo que é a vida. Acolhe ela. Mas há um momento que ela passa, é assimilada e se integra ao nosso patrimônio. Somos feitos de dores e amores. Alegrias e tristezas. Mas será que somos somente isso? Será que há algo imperecível? Algo que dure para sempre? Será que o nosso espírito está querendo nos dizer algo através das nossas dores? Do que precisamos nos dar conta? Onde está faltando um pedaço ou outro? Vamos completando nosso aprendizado a medida que caminhamos e na velocidade que nossa força de vontade e capacidade momentânea nos permitem. Aceita, acolhe, faça o que pode ser feito e acredita que uma força maior tomara conta e restaurará o que deve ser restaurado e trará o que tem de ser trago. Confia."

E dele: Sri Prem Baba

“Tenho dito que a raiz da crise que tem se manifestado nos vários setores da sociedade no mundo todo é devido ao esquecimento da dimensão espiritual da vida. A crise é um produto da nossa desconexão com o Grande Espírito. Nós perdemos a capacidade de enxergar o Espírito por trás das coisas e dos seres humanos (de nós mesmos). Não reconhecemos o Espírito porque nosso olhar está focado na matéria, principalmente na pobreza e nas mazelas do outro. E esse olhar somente alimenta a crença de que somos um pequeno eu. Esse é um encantamento, uma inconsciência coletiva.

Agora é respirar e manter o foco, não deixar o medo tomar conta.
Vou contando por aqui a aventura desse reencontro comigo mesma.


A menina do armário

Eu sou uma menina esquecida no armário, alguém roubou minhas certezas.
Não há espaço, só muito pó de um passado escondido.
De onde estou só vejo medo e mistério, pouco ar e lágrimas.
Alguém vive a minha vida colorida em um empréstimo sem retorno.
Não há mais lágrimas porque as lembranças foram embora com o tempo.
Todas as minhas fragilidades eu pintei de ouro e teci uma armadura.
Ninguém vê através do ouro, ninguém vê o que está no centro.
Ninguém vê o que está no escuro.
Meu escudo é um sorriso largo e a distração é a minha fortaleza.
Todos só podem ver as flores diante da pressa dos dias.
O amor não veio hoje. Onde foi parar o frescor dos dias seguros?
Eu sou a menina esquecida no armário.
Aquela mesma que corria corajosa e livre nos dias de sol quente.
Hoje a brisa da verdade passou e abriu uma fresta. Só você viu que eram lágrimas.
Vem brincar comigo, vem me lembrar da alegria descompromissada.
Vem me ensinar sobre a vida.
Vem bailar comigo na noite de lua.
Vem me tirar dessa armadura.
Vem falar comigo até o sol nascer
Vem se mostrar para mim.
Eu só quero nascer de novo e olhar a vida sem medo.