Mensagem estranha me faz rir e estranhar

Não precisa ficar me decifrando e nem gastando a imaginação. Comigo o papo é reto. Se eu sei a resposta eu não a guardo para mim...
Se não foi dito é porque não foi perguntado. Simples assim, como tudo deveria ser.
Hoje eu recebi uma mensagem estranha. Mensagem estranha me faz rir e me estranha, mas me diverte. O que eu posso fazer se meu riso não foi domesticado? Ele brota sem noção.
Minha disposição em cuidar saiu pra dar uma volta e ainda não voltou.
Meus últimos momentos, descritos aqui em algumas postagens, me fizeram um tanto menos disposta a gastar energia com outras coisas que não sejam fluidas.
Ainda não sei por quanto tempo estarei nessa fase, mas estou nela agora.
Não me despedi porque não parti. Estou aqui, nos mesmos lugares onde sempre estive, mais relaxada, menos apegada, mais cuidando de mim.
Qualquer manifestação que exija grande energia em direção da manutenção de relações, vai ficar para outro momento.
Percebi que o esforço não faz diferença, não faz porque é esforço.
O amor, a amizade e as relações de afeto verdadeiras não precisam do esforço, só precisam da verdade e a verdade  é natural, ela não precisa deste peso, desta força, ela é iluminada por si só, ela basta.
Meu coração continua o mesmo, talvez mais franco comigo mesma.
Se as relações são baseadas em trocas de egos e esforços constantes para se manterem é porque deixaram de fazer sentido. Se o seu curso for natural, elas continuam a fluir.
Eu escolhi aceitar que natureza segue seu curso e não há nada que se possa fazer para mudar isso.
Hoje, um dia de cada vez, o momento mais importante é este que está acontecendo agora.
Se eu cultivei em solo fértil com certeza permacecerá.

Conversas de viagem

Amar é perceber a necessidade do outro. Perceber, se importar, cuidar, não quer dizer satisfazê-la indiscriminadamente.

O clichê me desaponta., a banalização me decepciona. O que me toca? A verdade, a lucidez, a sabedoria.

O vislumbre da lucidez é estarrecedor sem sabedoria. A sabedoria é o caminho.

Somos tão primitivos que não suportamos a verdade nua, pura, essencial, por isso nos iludimos.

Pessoas raras produzem relações raras, relações que  não são modelos, relações construídas fora dos padrões. Relações puras.

O segredo é identificar o papel exercido de cada um na sua vida e o seu na vida de cada um. Sem conflito, mas repleto de aceitação e compaixão.

Se importar com o que magoa e o que faz feliz, isso é cuidado. O amor exala cuidado, delicadeza, generosidade, gentilieza, atenção. Fica fácil  identificar assim, o cheiro do amor vai longe.

Saudade do garoto do portão, ele é tão doce e fugaz. Ele chega sem avisar, mas sabe exatamente a hora de partir e não fica para as despedidas. É como algodão doce!

Algumas coisas que aprendi recentemente

A constatação do vazio e da impermanência ao mesmo tempo que causa alivio trás uma sensação de que não temos controle sobre nada.
Eu sempre me achei tão senhora de mim, acredito que para alguns parecia uma arrogância, sem ser. Esta era a minha verdade. E a verdade é assim mesmo, ela é a do momento, não quer dizer que por ser verdade seja eterna, e ainda bem que não é, senão como poderia provocar mudanças?
Hoje a minha verdade ainda não se formatou, está em movimento.
Passei por momentos que tive que aceitar que a única coisa possível era chorar, chorar até que aquela tristeza se fosse e deixasse alguma novidade. Parece que a tristeza de uma verdade que ruiu tem suas exigências, só trás o novo se você se entregar a ela.
As lágrimas que turvam os olhos na verdade, abrem seu coração, que humilde e frágil se mostra mais aberto para receber as novidades.
Não quer dizer que eu fiquei melhor ou pior, quer dizer que eu sou mutável, que tudo que acredito hoje pode não fazer sentido algum amanhã.
E o que ficou então?
A certeza  de que o amor não é aquilo que eu tanto acreditei e investi. Que amor não tem nada a ver com bonito e feio, certo e errado, não é razão, o amor não está nem ai pra razão.
Eu tenho que reaprender a amar, reaprender a ser amada. Experimentar o fluir, sem racionalizar.
O amor não barganha, não condiciona, não aprisiona.
Eu somente acreditei ser o amor, o cuidado, e este cuidado para mim era o cuidado de tudo, como se eu fosse a mãe protegendo sua prole indefesa, e isso me desgastou, cansou, aprisionou.
Por esta dinâmica de amor eu também exigi de mim uma forma não humana de viver. Como se eu não tivesse o direito de ser humana, como se eu fosse a mulher maravilha. Forte, digna, perfeita, uma heroína.
Não, eu não sou pefeita, não, eu não sou super mega ultra forte, não eu não sou ...
Eu tenho meu lado negro como qualquer ser humano, convém não alimentar este lado, mas conhecê-lo é prudente. Eu também sou frágil, carente e chorona.
Eu posso me amar assim, imperfeita, humana e mutável. É desse amor que estou falando, é este que estou reaprendendo.
Eu não quero ter as respostas de tudo, eu quero dizer tudo que eu penso, e, me desculpem os mais sensíveis se não for a resposta que querem ouvir. Mas será a única que eu terei a dar.
Uma nova fase se instalou em mim.
Eu senti a perda de tudo, como se eu tivesse morrido. E a angústia inicial deu lugar a uma paz inexplicável.
Talvez eu tenha morrido. Talvez eu tenha me afogado naquele mar de lágrimas.
Acordei desprendida. Não sei se as pessoas que estiveram comigo até aqui, continuarão ao meu lado. Talvez elas precisem daquela outra para amar. A estes só posso dizer que a viagem foi boa, mas ela se foi.
Eu quero aprender novas formas de me relacionar, amar, compartilhar... começar uma nova travessia.
"O real não está na saída nem na chegada; ele se dispõe para a gente é no meio da travessia" (Guimarães Rosa)
Então é isso, estou me propondo outras travessias.

Alguém?

É mais fácil amar o belo, o legal, o agradável.
Mas o ser humano...
Este é um pouco de tudo. Ninguém é 100% legal e bonito ou agradável o tempo todo.
Eu tenho meus momentos de tudo, de todas estas que habitam em mim mostrarem suas faces.
Quem eu sou na verdade? Ainda não sei, talvez não saiba nunca.
Sei que de repente acordei outra e esta é um desafio para qualquer um amar e um desafio ao amor de quem já me amava. Vazia. Sem energia para doar, oca.

Talvez ela fique por algum tempo, talvez se vá logo, talvez tenha vindo somente para desafiar estes sentimentos.
A relação existe porque você criou e alimenta? Ela precisa de sua energia para se manter? Ou será que ela acaba porque nunca existiu além de sua criação?
As pessoas amam a sua essência ou aquela imagem que você criou?
Quem conseguiu te ver além do que você quis mostrar?
Quem está com você, um tanto além de você estar com alguém?
Quem fica para juntar os cacos quando você quebra tudo?
Eu ainda não entendi o vazio iluminado, o nada me parece tão desolador.
Se nada me prende aqui, porque tudo foi criação minha, porque então insistir?
Eu ando deprimida, angustiada e um tanto triste ultimamente.
Eminência de algo que está por vir, ou quem sabe, de um remédio que eu tomei (eu sempre fico alterada com remédios fortes).
Não sei realmente. Nem sei se quero saber, mas quero que passe logo.
Sinto falta de sentir. Ultimamente não sinto nada.
Buda, Shiva, Jesus, Rubem Alves, alguém me salva? Eu sozinha não estou dando conta.



Imagem: edvard munch_Weeping Nude
Porque as vezes é só o silêncio sussurrando a solidão rasteira;
Ninguém vê a dor por trás do véu que sorri a cada passo;
Por trás desse oásis enganador há também um deserto;
Na areia quente, um silêncio;
Um véu que voa e o grito que atravessa a noite de lua cheia, sem que ninguém ouça.

A ilusão nossa de cada dia

Desde que eu li a matéria sobre ilusão de ótica da SuperInteressante eu não parei de pensar sobre o quanto nos iludimos o tempo todo com coisas que estão longe, muito longe de ser a realidade. Nos satisfazemos ou nos sentimos insatisfeitos dentro de paisagens que existem unicamente dentro de nossa mente.
No dia em que li esta matéria eu tive um sonho.
No sonho eu estava em uma pedra enorme no meio do mar, estava meditando. O dia estava lindo, céu azul e águas claras e mansas.
De repente o dia escureceu, o mar de revoltou, começou uma chuva torrencial. Eu continuei sentada, mas sai da meditação e comecei a pensar em por que tudo em volta de repente ficou tão diferente.
Eu fiquei deprimida com aquela mudança tão repentina de paisagem, chorei muito, queria sair dali, mas não tinha para onde ir.
Então me concentrei na pedra que me acolhia, tão sólida e forte, imóvel e impassiva diante daquela tempestade.
Por que eu me identifiquei com a tempestade quando poderia me identificar com a pedra?
Acalmei meu coração e fui retomando minha lucidez.
A medida que ia me acalmando tudo em volta também mudou, o céu abriu, o mar voltou a ficar manso, era só uma paisagem criada por minha mente sedenta por novas emoções descontroladas.
É assim na vida.
O nosso Ser não é a paisagem, o nosso ser é a pedra.

"Imagens dançam, piscam, mudam de lugar. Figuras parecem menores ou maiores do que são. Bem-vindo ao mundo das ilusões de ótica.
Algumas vezes, nossos olhos vêem coisas que não existem."

A questão é, então, o que existe?
Veja como somos iludidos.

"Uma ilusão de ótica é um erro de avaliação do cérebro. Nossa cabeça usa uma série de regras para interpretar as luzes projetadas na retina como imagens tridimensionais. Quando duas regras entram em conflito, o cérebro é obrigado a optar por uma delas. Mas a outra regra, que continua existindo, contesta essa escolha como absurda.
Por isso, somos capazes de perceber quando estamos sendo vítimas de uma ilusão de ótica. “O cérebro reconhece uma falsa percepção quando vê uma imagem ambígua pela frente”, disse à SUPER o físico americano Al Seckel, do Instituto de Tecnologia da Universidade da Califórnia."

Nossa mente também utiliza uma série de referências para nos confundir. Nossas refências mais comuns são as afetivas, aquelas que carregamos no decorrer da vida, relações com amigos, familiares e parceiros. Seguimos comparando, julgando o que é certo e errado, determinando padrões e sofrendo com aquilo que não se encaixa.
É só imaginar porque quando somos crianças tudo parece tão mais fácil e divertido. Simples, porque quando crianças ainda não temos esse monte de referências e apenas sentimos, aproveitamos o dia, um de cada vez, sem as expectativas frustrantes que alimentamos no decorrer da vida.

Olhando para a gravura Queda d’água, do artista plástico holandês Mauritius Escher (1898-1972), você nunca saberá de onde vem a água. A figura imaginada por Escher é impossível fisicamente.
Lagos de areia
É o ar que causa as miragens.Você pensa que miragens só acontecem no deserto? Aquelas poças d’água que você vê no asfalto em dias muito quentes também são miragens. No lago que surge de repente no meio do deserto, a água é apenas um reflexo no céu, provocado pela refração (desvio) dos raios de luz de uma camada de ar quente. Isso acontece porque a luz muda de velocidade sempre que passa entre meios de densidades diferentes, como quando você mergulha uma caneta num copo d’água. No caso das miragens, o ar quente próximo ao solo, quando encontra ar frio (mais denso) logo acima, vira um grande espelho. Ele passa a refletir o céu e até mesmo objetos, como uma árvore ou uma casa.

Então muitas vezes, nos deixamos levar por estas referências e sofremos. E elas estão por toda a parte esmagando nosso SER, nos afogando em ilusões para que possamos nos sentir parte deste mundo criado.
Ninguém é feliz sozinho. Mulher nasceu para ser mãe. Ser alguém é ter dinheiro, carreira, sucesso. Relacionamento é namorar, casar, se entregar de corpo e alma, para uma unica pessoa e fazer dela seu mundo, sua vida, seu tudo.

Então o que é de verdade?
Quando estamos sentindo e quando estamos iludidos, vivendo o que os outros acreditam ser a vida ideal?
O que é a vida real?
Como ser feliz?


Liberte-se!

Considerações acerca de Natal e outras coisinhas

Eu ainda não consegui organizar tudo que passou pela minha cabeça desde o Natal. Muitas coisas.
Dia 24, já era meia noite e eu ainda nem tinha começado a fazer as malas. É sempre assim. Eu detesto fazer as malas, principalmente quando é para ir para lá. Eu não sei explicar exatamente onde começou minha antipatia com aquela cidade. Só sei que quando tenho que ir até lá, não é com prazer que eu me preparo. Ainda assim lá vou eu, é Natal, minha família está lá. Mala. Mala. Mala.
O telefone tocou várias vezes, nem vontade de atender eu tinha, estava emburrada. A campainha tocou e eu encontrei na porta todo o ânimo que eu não sabia onde tinha perdido.
Um dos meus melhores amigos resolveu passar em casa para me dar um beijo de feliz aniversário e quando ele foi embora do meu apartamento levou com ele toda a minha preguiça e chateação. Um beijinho de oi e tchau que me deixou muito feliz!
Eu fui viajar. E, Natal tem aquelas coisas... família. Reunião de grupo. Jantar todo mundo junto. E repeteco no almoço.
Este ano eu não passei como todos os outros anos de toda a minha vida.
O meu pai e a minha mãe decidiram se separar há dois anos. No ano passado eu fui passar com a minha avó porque era o primeiro ano desta mudança e eu confesso que estava me sentindo muito estranha naquela situação.
Este ano eu resolvi passar com minha irmã e sobrinhos. Meu pai levou sua nova mulher. Minha mãe se refugiou em alguma pousada com seu novo namorado. Meu irmão se vestiu de papai noel. Meus sobrinhos estavam lindos, um que se diverte com tudo e da cara de todo mundo e outro que ainda não percebeu o que realmente importa e chora porque o priminho recebeu mais presentes do que ele. Eu os observo e penso que eu adoraria que o mundo não fosse tão duro com eles.
Agora vem...
A volta para São Paulo foi o purgatório em vida! Foram dez horas de direção, duas horas em uma espelunca infecta, mas providencial.
Depois de oito horas dirigindo ver aquele vermelho piscante foi como um copo de água gelada no deserto! MOTEL, MOTEL, MOTEL
Um motel tão suspeito que eu tive até medo! Mas entrei.
Duas horas para um banho e uma relaxadinha por R$ 35,00 não dá para exigir muito. Me deitei em cima da minha própria toalha molhada, imóvel, com receio de encostar naquele lençol mais do que suspeito.
Na hora de sair do quarto... a chave emperrou. Girava, girava e naaadaaa de abrir. Eu estava trancada num quarto nojento de motel vagabundo no meio da estrada às onze da noite no domingo do feriado de Natal. Qual a chance de conseguir um chaveiro? Hein?
Eu fiz a unica coisa possível numa hora dessas, cai na gargalhada pelo ridículo da cena. Depois de fazer vinte promessas diferentes para vinte santos diferentes, a porta finalmente foi aberta, com muito sufoco, pela recepcionista do motel.
Finalmente eu estava na estrada de novo, a caminho de São Paulo. Revendo o trânsito, a chuva, o motel, a chave emperrada eu ri de novo, olhei pro céu e perguntei. "Está de brincadeira comigo hoje, o que é isso? Estou pagando meus pecados do ano? O que mais falta acontecer?"
Foi tão rápido que eu não pude desviar, eu só senti o pneu passando, e fui gritando... Era um cachorro morto e eu passei por cima dele.
Passar por cima de cachorro morto? Ahhh nããããoooo!
Com o perdão do palavrão, preciso reproduzir exatamente o que eu pensei: "Puta que pariu Você está humorista hoje hein...que puta falta de sacanagem!"
E fiz a única coisa possível, ri, mas ri muito! Ri descontroladamente.
No Natal deste ano se eu resolver pegar estrada, alguém por favor, me traga a consciência!
Feliz 2011 pra gente!