Honrando a vida, pensando na morte

Minha motivação ao começar este texto é o de compartilhar minhas reflexões em torno da fragilidade e do prazer da vida.
Reflexões que nasceram a partir da minha própria experiência, constatação perene, na pele mesmo, de que a vida é tão incrível quanto frágil.
Eu adoro viver, eu sinto imenso prazer com as coisas mais simples do dia a dia, com as sensações do meu corpo, com as percepções da minha cognição nem sempre consciente, com as emoções da minha psiquê pseudo infanto-madura.
Eu amo estar neste tempo espaço, neste corpo que nem sempre eu cuido como deveria, mas que adoro, como templo de mim!
Não sou daquelas pessoas que fica pensando no que não tem, eu sou daquelas que acha que tem muita sorte, que tem muito amor, que tem muitos amigos, que tem uma vida boa e que é grata por tudo isso. Eu valorizo cada coisinha que a vida me dá, significo tudo como um presente, como um aprendizado, como um milagre.
Ah e você nunca fica triste? Fico. Eu choro, choro até cansar, até as lágrimas secarem e a frustração passar. E passa. É só não grudar nela. Eu olho para ela de frente e com olhar profundo e interessado eu busco a nascente daquele rio que transbordou nos olhos. Atravesso o silêncio para entender o que se passa comigo.
A vida é um eterno aprendizado, é através dela que realizamos o grande conhecimento de nós mesmos, é através dele (o aprendizado) é que chegamos mais perto dos outros. Conhecendo a nós mesmos nos tornamos mais amorosos, compassivos, compreensivos, e assim chegamos mais perto de Deus.
Se com todo coração e humildade você olha para dentro de si, sem medo de perceber suas incapacidades, assim é mais fácil compreender a limitações dos outros e aceitar que aqui somos todos aprendizes. Não sabemos de nada.
Achamos que temos tempo, achamos que amanhã estaremos prontos, nos prendemos a detalhes que não fazem a menor diferença, nos deixamos paralisar por dificuldades valorizadas pela nossa mente limitada numa expectativa de perfeição que não existe.
Perdemos tempo, perdemos oportunidades, perdemos pessoas. Na expectativa pelo momento perfeito, deixamos passar o momento.
A vida é um sopro, é generosa, mas tão frágil quanto milagrosa. Somos instantes e num instante já não somos mais.
Amanhã simplesmente não existe.
O tempo perfeito é hoje. Agora.
A sua preparação para amanhã é uma grande ilusão, a certeza no amanhã é a maior ilusão de todas.
Não sabemos de nada, mas a única coisa que temos é o instante presente, agora, exatamente agora.
Eu ouvi dos médicos, que eu havia quase morrido. Imediatamente eu pensei, eu adoro viver, que bom que ganhei mais tempo!
Por outro lado eu não posso reclamar de nada, vivo intensamente. Amo desmedida e expressivamente. Não há um só dia que eu não diga ou não ouça um EU TE AMO, e que coisa boa é isso!
Eu não tenho medo de dizer que amo, porque isso não é troféu ou sequer uma munição para ninguém. Expressar o amor é uma fortaleza.
Compreender que é um privilégio ter na vida pessoas para amar, oportunidades para aprender e para se tornar um ser humano melhor é uma grande sabedoria.
Manifestar o amor, viver com gratidão e generosidade é honrar o milagre que é estar vivo.

"Se você não se sente profundamente tocado pelo vislumbre da morte, é porque não olhou de perto. A consciência clara da mortalidade, nossa e dos outros, produz um impacto poderoso em nossa vida, muda drasticamente a relação que temos com as pessoas, com nossas ocupações, com nossas aspirações pro futuro, com as prioridades, com o tempo."— Fábio Rodrigues, na prática "Lembrar da morte" - O Lugar.
Então, minha reflexão final sobre viver e morrer é que o tempo é a gente que faz, o instante agora é construído imediatamente quando escolhemos viver em plenitude este milagre que é estarmos aqui, nos encontrarmos, nos amarmos.
O resto é um monte de bobagens que colocaram na cabeça da gente.



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