Porque eu gosto de filosofia

Filosofia, segundo Mario Sergio Cortella, é uma indagação, ela lida com os "porquês" não com os "comos",  é trabalhar na tentativa de ir além do óbvio, trabalhar contra a ideia de que as coisas são aquilo que a aparência carrega.
Assistindo a uma entrevista do Mario Sergio eu descobri mais um que diz o que eu gostaria de ter dito.

A Filosofia é para ir além da percepção óbvia.
Não nascemos prontos. Uma pessoa não nasce pronta e vai se gastando, ela nasce não pronta e vai se fazendo. O que nasce pronto e vai se gastando é sapato, geladeira, coisas.
Hoje você é a sua mais nova edição.

No Brasil se observa que a filosofia vem ganhando níveis de reflexão, hoje ela mescla um pouco da moda de fazer cursos nesta área, com uma questão séria que é imaginar que o nosso modo de vida no dia a dia, esgotou um pouco alguns dos modelos de tecnologia, de trabalho insano, de uma vida acelerada. E a filosofia trás um pouco, não de repouso, mas ao menos de indagação, que serve as vezes de consolo, as vezes não.

Os latinos tem a expressão que é "gracia" que significa abençoado, protegido. Graça é deixar o mundo protegido e abençoado, então uma pessoa engraçada é a que enche o mundo de graça, deixa-o melhor. Gente que deixa a vida cheia de graça é aquela que se sente bem. Pessoa engraçada é aquela que te faz bem, te faz se sentir melhor. Dentro deste ponto de vista, a filosofia tenta deixar o mundo um pouco mais engraçado, sem obscurecer as desgraças que a gente tem no cotidiano. E ai o filósofo se dedica a pensar um pouco, não é capaz de fazer arte, mas tem a capacidade de dizer que aquilo que você está enxergando não necessariamente é daquele jeito. O filósofo gosta que a gente transborde, não se conforme.

A coisa que se entende por si mesma é aquela que é óbvia, portanto ela é evidente. Mas a coisa que é evidente não é aprazível porque o evidente é mais ou menos como você colocar braços na Vênus de Milo, colorizar  Chaplin,  é fazer coisas que acabam estragando o que se tem, para trazer o evidente, porque o mundo não é preto e branco, porque a Vênus de Milo precisa ter braços e isso é extremamente desagradável porque parece que precisa-se arrumar as coisas, e é o contrário, uma das tarefas da filosofia é também a de desconcertar.

Penso, digo o que penso, logo existo. (Lucio Maia)

A emoção e a razão precisam também serem enfrentadas pela paixão (Blaise Pascal). A racionalidade não basta, a paixão não basta, o que funciona é uma vida em que você não se conforme e seja capaz, entre outras coisas,  de se indagar, de perguntar, de sair de dentro. Como dizia Manuel de Barros, que fazer poesia é ser capaz de voar fora da asa. Fazer filosofia, como a arte, é ser capaz de voar fora da asa.

É por isso que eu gosto de filosofia, como gosto da arte, estas são umas das coisas pelas quais eu respiro, minha alma sorri e se nutri, é através delas que me sinto viva, parte da energia vital do universo.

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