Não é fácil ser Paulinha!


Eu sempre fervilho, é inevitável, ainda que seja na minha inquietação, esta sou eu!
Eu fervilho idéias para tudo e para todos, acho que tenho a solução para qualquer problema, mania besta de querer consertar as coisas!
Eu fervilho amor, e como é bom...
Eu fervilho palavras, tenho vontade de engolir, digerir e depois sair cuspindo por ai.
Eu tenho sede de saber tudo e saber mais e fervilho este desejo como um animal faminto.
Aqui é assim, tudo ao mesmo tempo e muito, muito!
Parece que o tempo é curto, que a vida vai acabar e que as pessoas vão sumir daqui a pouco, então eu quero tudo, quero todos, assim bem perto.
A falar, ouvir, conversar.
Quero sentir, quero tocar, quero provar, quero ouvir e falar, mas as vezes é só um sussuro, um ouvir respiração, suspiro, um olhar e calar.
Esta sou eu, eu sempre fervilho, é inevitável, ainda que seja minha inquietação.


Eu sou tão intensa que as vezes dói. 
E as vezes eu paro com tudo como um motor que vai perdendo a força até parar de vez.


Um amigo me escreveu certa vez:

“É tão engraçado ver você fervilhando dentro da própria inquietação...interessante sua vontade de que as coisas fervilhem juntas, no mesmo pulsar.
Eu quase fico sem ar quando começo a ler seus e-mails...”

Ele me conhece bem, como ninguém mais.
Nesta época eu lia Clarice Lispector e encontrei uma frase, que usei para responder para ele, mas foi por puro charme.
"O importante não é dizer, é saber. Certas coisas não se dizem, porque dizendo deixam de ser ditas pelo não-dizer, que diz mais."


Tudo charme, afinal, eu já tinha dito tantas coisas a ele que o “não-dizer” já nem existia mais.

As vezes eu sou assim, eu fervilho e não é por puro charme, é  inquietação, é inevitável.

É, não é fácil ser Paulinha!




"cuidar é simplesmente
olhar pro mundo que você não vê"



Um comentário:

  1. Adorei o texto, me identifiquei com algumas partes ! parabéns !!
    Abçs !

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