Escritores consagrados repudiam falsos textos que circulam na rede

Outro dia eu recebi um texto pela internet e fiquei surpresa, pois era do meu blog, com um título diferente e sem indicação de autoria.
Sinceramente, eu achei um absurdo.
Mas lendo a matéria abaixo percebi que existe um absurdo ainda maior, textos que são enviados sem verificação da autenticidade do autor causam muito mais embaraços.
Em minha opinião, autores consagrados não ficam mandando mensagens pela net, eles não precisam disso. Agora, se você leu um livro da pessoa e gostaria de dividir o conteúdo porque achou muito legal, simples, coloque o nome do autor e o nome do livro, assim quem receber vai saber que realmente existe o texto e se quiser se aprofundar na idéia basta comprar o livro.
E-mail com texto do Jabor, do Fernando Veríssimo, Mario Prata, se sai da minha caixa vai sem autoria, em 99,9% é perceptível que não é deles.

Veja abaixo a matéria.

Escritores consagrados repudiam falsos textos que circulam na rede
RAFAEL CAPANEMA
DA REPORTAGEM LOCAL Folha de S Paulo

O título do e-mail começa com "Enc: Fw: Fwd: En:", sugerindo que o material já frequentou um bocado de caixas de entrada.
O conteúdo pode ser um texto motivacional, uma história engraçadinha ou uma crítica virulenta ao governo. Mas o autor, quase sempre, é um escritor consagrado.
Bem, não exatamente.
Vítimas habituais da atribuição indevida de autoria de textos na internet, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Mario Quintana não podem mais se defender.
Mas Luis Fernando Verissimo, de tanto ver seu nome associado a textos que não escreveu -e de ser espinafrado e parabenizado por eles- já se manifestou mais de uma vez sobre o assunto.
"O incômodo, além dos eventuais xingamentos, é só a obrigação de saber o que responder em casos como o da senhora que declarou que odiava tudo que eu escrevia até ler, na internet, um texto meu que adorara, e que, claro, não era meu", escreveu em 2005 no jornal "Zero Hora". "Agradeci, modestamente. Admiradora nova a gente não rejeita, mesmo quando não merece."
O texto em questão é "Quase", escrito por Sarah Westphal, à época estudante de medicina em Florianópolis. Creditado a Verissimo, "Quase" chegou a ser traduzido e publicado na França em uma coletânea de escritores brasileiros.
Elson Barbosa, moderador de uma comunidade sobre o escritor no Orkut (www.orkut.com/Community.aspx?cmm=39826), compila textos falsos de Verissimo e, quando possível, identifica os verdadeiros autores.
Mas por que será que Verissimo é o campeão dos apócrifos da internet? "Talvez porque ele seja hoje o mais popular cronista brasileiro", sugere a jornalista Cora Rónai, que organizou "Caiu na rede" (ed. Agir), compilação de textos falsos lançada em 2006 (leia trechos em tinyurl.com/caiunarede). "Minha proposta de título para o livro, por sinal, era "Falsos Verissimos"."
Cora conta que Millôr Fernandes, com quem é casada, conforma-se com o fato de não ser possível controlar o que circula em seu nome na internet, "mas não consegue deixar de ficar indignado com a qualidade das coisas que atribuem a ele. "Mas é isso que pensam de mim?!", "Quer dizer que acham que eu escreveria uma babaquice dessas?!" e por aí vai."

Quem tem boca...
Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha, afirma que sempre recebe elogios sobre textos que não escreveu -um deles creditado a um certo professor "Pascoale". "As pessoas ficam decepcionadas quando revelo que não sou eu o autor", diz.
Entre outros "ensinamentos", um Pasquale farsante explica na internet que "Quem tem boca vaia Roma", com o verbo vaiar, seria a formulação correta do ditado popular. "Eu nunca escrevi isso, não tenho nada a ver com isso. É uma bobagem monumental", afirma Pasquale, o verdadeiro.
"O pior é que as pessoas acreditam, não desconfiam de jeito nenhum", afirma o professor. "Acham que a internet é cartório e que, se está lá, está santificado."

Prisão perpétua
"Sou contra a prisão perpétua, mas sou a favor dela para quem escreve textos apócrifos na internet", escreveu Drauzio Varella em sua coluna na Folha, em 2005. A irritação se justifica: sob seu nome, circulam textos que difundem conceitos equivocados de medicina.
Um deles exalta o pensamento positivo como forma de evitar doenças. "É exatamente o oposto do que eu penso", afirma. "É uma sacanagem. Como é que colocam uma coisa dessas na minha boca?"
Outro "falso Drauzio" é "Porta do lado", que deriva de uma frase dita por ele em uma entrevista. "Pegaram essa frase e fizeram um texto babaca, uma coisa absurda", conta. "Corre [na internet] com a minha fotografia e com musiquinha, que é tudo o que eu odeio."
A despeito da alegada babaquice, da musiquinha e da autoria falsa, "Porta do lado" é bastante popular. "Acho que, de todos os textos que eu escrevi na vida, é o que mais faz sucesso", diverte-se.
Há cerca de três meses, Varella concedeu uma entrevista a uma rádio da Espanha. O locutor o apresentou recitando a seguinte frase, atribuída ao médico: "No mundo atual está se investindo cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos teremos velhas de seios grandes e velhos de pinto duro, mas que não se lembrarão para que servem."
Varella teve que esclarecer no ar que não é o autor. "Não tenho a menor ideia de quanto se investe na cura do Alzheimer. E jamais falaria uma grosseria dessas. Nem no botequim."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2502200909.htm

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