Todo dia ela faz tudo sempre igual

Papo comum numa roda de mulheres solteiras. Os homens não querem nada sério, não querem envolvimento, querem só se divertir, homens, homens e homens. O segundo assunto é sexo, claro, mas deixa este para outro dia. Falamos também de vida profissional, novela, sapatos, livros, filmes, mas não necessariamente nesta mesma ordem.
Foco no assunto primário, vamos lá.
Eu tenho uma visão particular sobre o tema, talvez seja até careta, mas é a minha visão.
Estamos num bar, uma mesa de 5 mulheres, solteiras, independentes, todas na casa de seus 30 ou 30 e poucos, mesa florida, modéstia a parte.
A mesa ao lado de 5 caras, parecendo abelhas vendo um pote de mel, a guerilha começa. Olhares, piadinhas, um balde de cerveja enviado pra nossa mesa (gentil até), em menos de 20 minutos as mesas já estavam juntas.
Papo vai, papo vem e o primeiro beijo da noite aconteceu. Como uma onda de bocejo, foi se proliferando, até chegar em mim, onde foi represada para azar do gentil rapaz que me cortejava.
Isso não me constrange, de forma alguma, eu sei bem o que eu quero, o que eu não quero e o que me faria sentir ridícula.
Ele tentou, claro, está no seu papel de macho, mas eu na minha posição consciente de fêmea, aquela que escolhe, muito delicadamente declinei às cantadas (até bonitinhas) dele.
Eu explico aqui como expliquei para ele.
Eu não me sinto a vontade para trocar carinhos com uma pessoa desconhecida, não sinto nada especial por uma pessoa que eu acabei de conhecer, além de algum interesse (se houver) em conhecer a pessoa, saber quem é, como é sua vida, seus valores. E se não me sinto a vontade, não faço, simples assim.
Passei da idade de ter que provar pro grupo que eu posso, afinal eu sei que posso, se quisesse, mas não quero.
Pareço careta? Não estou nem ligando para isso.
Não faz sentido nenhum pra mim dividir minha intimidade com alguém por algumas horas só porque ele é bonitinho. Sim, um beijo é uma intimidade para mim.
Já fiz isso, claro, mas hoje não sinto que isso faça o menor sentido. Isto talvez seja, saciedade. Já fiz, já sei como é, não me acrescenta nada de novo, então não quero mais.
Desejos perecíveis saciados em momentos fulgázes, eu sei como é. Está ai para preencher um espaço vazio como a fumaça quando invade um ambiente, parece completo, tomado, mas não deixa de ser fumaça, ela se dissipa rapidamente, e não deixa de ser vazio, o espaço continua lá.
Eu vejo as mulheres no dia seguinte aos encontros, carentes, frustradas, tentado desviar a ressaca dos sentidos, tentando achar alguma coisa que não vem, porque não está lá, nunca esteve.
Não acho errado duas pessoas se encontrarem e se curtirem por uma noite, desde que ambas estejam conscientes que é isso mesmo, desde que ninguém saia agredido na sua fragilidade, na sua carencia no dia seguinte.
Eu já encontrei a minha resposta, hoje isso não me atrai, não me sacia, não me nutre então não quero.
Eu quero mais do que uma noite de corpos ardentes, quero descobrir a fonte daquela energia e poder beber dela quando eu puder e quiser, quero a troca, quero o sentimento, o carinho, quero compartilhar do meu universo, quero adentrar no universo dele.
Quero interesse e cuidado, não aquele interesse produzido pela ereção de um membro, quero interesse verdadeiro. Se não for isso, eu passo.

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