Cheiro de saudade

Já não há mais sorriso de chegada, nem aconchego de bom dia.
Os lençóis foram lavados. Já não há roupas nos armários e nem a toalha a mais no banheiro.
Nunca houveram fotos, apenas livros, filmes e músicas, nosso universo particular e impenetrável.
Mas não há mais o nosso universo, não há você aqui, não há livro, só história.
Todos os dias eu chego em casa e abro a porta como se fosse ver seu sorriso, preciso de alguns segundos para constatar a realidade. É a minha mente me pregando peça.
O problema é o sofá. Nele está sua presença, seu cheiro, o formato do seu corpo naquele canto que era só seu.
Demorei alguns dias para me sentar nele sem você, parecia até bruxaria. O sofá me abraçava e eu sentia seu cheiro.
Resolvi lavar o sofá para ver se isso resolvia o drama de todas as noites, mas é nele também que eu resolvo minha insônia algumas vezes e fiquei com medo de não ter mais salvação.
Em noite de lua e de TPM eu me acalmo naquele sofá e nele você está comigo.
Mas ao despertar me dou conta que você não está e a saudade  inunda meu universo.
Todos os dias, ao sair, eu te vejo ali sorrindo para mim com a promessa no olhar de que nos veremos mais tarde. Estou presa àquele olhar de promessas e ao sorriso da chegada.
Hoje a saudade está sangrando meu peito, hoje eu durmo no seu sofá.


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