Um certo capitão Rodrigo, como muitos.

A filha morria nos braços da Bibiana enquanto Rodrigo bebia e jogava no bar. Foi só mais uma das histórias da minissérie baseada no livro "O Tempo e o Vento", mas me fez pensar no quanto já ouvi histórias com estes mesmos elementos na vida real, claro, com menos carga dramática.
Quando nos relacionamos amorosamente esperamos que a outra pessoa se importe com o que passamos, com o que sentimos e QUEIRA estar conosco nos momentos que precisamos de um apoio, mesmo que seja simplesmente pela presença dela. Afinal elegemos uma pessoa como importante porque a amamos e esta pessoa tem o poder de fazer a diferença na multidão.
Acontece que nem sempre depositamos o sentimento numa pessoa capaz de compreender o quanto ela faz diferença, nem sempre esta pessoa é sensível o bastante para saber o quanto poderá nos magoar ao nos deixar esperando sem aparecer ou telefonar, coisa simples. 
A história fica um tanto mais complicada se a falta de sensibilidade ultrapassa o limite da consideração e esta pessoa esquece que combinou de te levar ou te buscar no aeroporto, se não se oferece para te levar ao hospital ou te deixa sozinha por um chopinho com os amigos no dia em que você foi demitida do trabalho.
Toda decepção é precedida por alguma expectativa, é simples e quase matemático. E nós mulheres apaixonadas, esperamos ser amadas e cuidadas pelo homem que elegemos.
Eu já estive nos dois papéis, a que espera e a que deixa alguém esperando, nada grave, não ultrapassei o limite da consideração. Na hora em que eu sou deixada sempre me passa pela cabeça o que eu sentia quando fui eu a deixar alguém esperando...
A verdade é que invariavelmente escolhemos por uma coisa em detrimento de outra e quando são pessoas normalmente quem foi deixado para trás sabe disso.
Nós somos indulgentes quando deixamos alguém para trás, nos perdoamos, mas como é difícil não se magoar quando somos deixados!
O que é considerado? Quando alguma coisa é considerada... porque as vezes é a simples distração egoísta.
Porque eu acredito que o caso do capitão Rodrigo e da Bibiana definitivamente não foi falta de amor, eles se amavam certamente. O amor deles não está em questão, ele a amava, o fato de não considerar o sofrimento dela e a filha doente ao estar se divertindo numa mesa de bar e jogo não significa que não a amava. Suas lágrimas ao se deparar com a filha morta ao chegar em casa depois de ser chamado e não atender aos pedidos da mulher para voltar para casa, faz dele apenas um homem com limites bem claros. E faz dela uma mulher que ama um cara que a deixa só num momento difícil.
Sem julgamentos, cada um sabe qual é seu limite, se não sabe é bom descobrir porque o sofrimento prolongado provoca doenças e isso sim é muito sério. 
É fundamental que cada um de nós conheça onde começa uma chateação que passa em de um dia para o outro, daqueles que talvez a Bibiana entendesse muito bem. Ela conhecia muito bem o seu homem e suportava seus deslizes em troca de tê-lo por perto. O preço para ela estava valendo a pena. E é isto que devemos saber para que não transformemos uma relação amorosa em sofrimento constante.
É o sofrimento constante que faz do amor um sentimento não saudável. 
Talvez a Bibiana em 2014 deixasse o capitão Rodrigo com suas cervejas, seu jogo e suas escapadas, quem sabe? Ou quem sabe ainda, morresse de câncer e não de velhice, como na minissérie. A versão doce quem assistiu já sabe como foi...


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