Simpatia é quando o malandro convida o freguês pra zoar junto - Pedro Bial

Eu não assisto TV, não faço a menor idéia do que inspirou o Bial a escrever o discurso, mas recebi por e-mail e achei que valia a citação.
Tem muito malandro errando a mão.
Já que não não dá para seguir o mestre Ben Jor:


"O tiranossaurus REX
Mandou avisar
Que prá acabar
Com a malandragem
Tem que prender
E comer todos os otários..."


Então #ficaadica! Vai que é sua Bial!

Discurso do Pedro Bial em 28/02/2012




Eu ia fazer um samba em homenagem à nata da malandragem, que conhecia de outros carnavais... Nem fui à Lapa, para não perder a viagem.
Avisado pelo Chico cercado do Malandrismo oficial, partir direto para o Planalto Central, em busca de gente que usa de outros expedientes para nunca se dar mal.
Nem cheguei ao Distrito Federal. Parei em Goiânia, onde vaga pelas madrugadas o fantasma de outro herói: Macunaíma morreu ao tentarem lhe impor um caráter que nunca fora seu, nunca tivera.

Volta e meia, os dois fantasmas se encontram: o falecido malandro carioca abraça o finado herói nacional, e juntos assistem à alvoradas vorazes e crepúsculos sem escrúpulos.
Os herdeiros da orgulhosa tradição de vencer na vida sem fazer força, fazem muita força para disfarçar a força que fazem para manter a fama de vagabundos.
E, entre um paredão e outro, jogam pesado, usando navalha da língua para esgrimir com seus adversários.
Se deixar falar, ele leva, no bico...
Se deixar sorrir, ganha, e ganha beijo.
No fim, e afinal tornou-se então uma questão de peso e medida.

Não pesar demais a mão, ter a medida da pilantragem.
Nesse jogo da vida é um peso e uma medida. E a única medida a pesar é a presença da simpatia.
Simpatia é quando o malandro convida o freguês pra zoar junto.
Outrossim, não tem charme a simpatia quando vira ironia, perde a graça, e as graças da massa.
Nesse, jogo da vida, é um peso e uma medida.
Pesou, perdeu a medida, lá vem, o cavalo, o castigo.

E, por falar em malandragem, não poderia deixar de citar a sabedoria do sambista dos sambistas - Bezerra da Silva, que sabia das coisas, né?




2 comentários:

  1. Com todo respeito, num texto inspirado e referenciado em obras primas de Chico Buarque e Mário de Andrade, citar Ben Jor e Bezerra da Silva é demais pra minha ignorância...
    De qualquer forma, valeu pela citação, o texto do Bial foi um oásis de cultura no deserto do BBB...
    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Oi Marcos, seja bem vindo!
    Eu não assisto TV, BBB eu só ouço falar porque é assunto no escritório na hora do café ou almoço. Não, por preconceito, mas porque simplesmente, não me interessa, não gosto.
    Eu concordo com você sobre o oásis de cultura, mas discordo, obviamente, sobre Bezerra da Silva e Jorge Ben, para mim, a arte tem esse poder, esse dom de tocar a gente, independente de ser erudita ou popular. Há lugar para todas as artes e todos os corações, assim como o sol nasce para todos. Apesar de achar que a maioria daqueles que assistem o programa, não conhecerem as referencias feitas no discurso, eu acredito que possa servir para que eles se interessem pelo assunto e possam buscar conhecer. É para isso que também serve o popular. Talvez o Chico Buarque possa te surpreender, mas ele tem os discos do Bezerra da Silva e do Benjor, você sabia? Beijos!

    ResponderExcluir

Fique a vontade e entre na conversa!