Ela chegou em casa como um passarinho procurando o refúgio de seu ninho.
Estava abatida, triste, confusa, já não sabia mais quem era a pessoa que a olhava no espelho, não era ela certamente, um zumbi era mais provável.
Seus dias se dividiam em dias que desejava com todas as suas forças nunca tê-lo conhecido e dias em que a única coisa que precisava para viver, mais do que o ar que respirava, era um telefonema, um e-mail, um torpedo, o MSN piscando em laranja aquele nome tão conhecido, um sinal de vida qualquer.
“Uma mulher não deveria passar por isso já tendo tantas provações em sua vida!”
Estava doendo àquela ausência, doendo como se tivessem arrancando pedacinhos dela sem anestesia, todos os dias e bem devagar para doer mais doído.
Havia dias em que pensava: “Isso vai passar, eu nunca fui assim, nunca fiquei sofrendo por causa de homem, sempre dei a volta por cima, vai passar.” Respirava fundo e seguia o dia relativamente bem até ouvir aquela música, que nem era uma música deles, nem nada, só uma música que falava de amor, de romance, de dor, ou qualquer outra coisa que a remetesse aos dois, aos dias juntos, a emoção.
Ela estava se sentindo enlouquecendo, pensava nele, respirava seu cheiro, queria que ele estivesse ali onde esteve tão próximo, tão apaixonado, tão querido. Por que? Isso ela não sabia e este era seu tormento, não sabia por que ele se foi, porque acabou, porque ele não se arrependeu, porque não voltou atrás.
Quando ele telefonava o mundo parava num sorriso para logo depois desabar em lágrimas. Conversas amenas em tom de amizade a deixavam mais triste do que não saber onde, com quem e como ele estava. Perceber que ele estava bem enquanto ela arrastava correntes a empurrava cada vez mais para aquele vazio gelado que sentia.
Estava enlouquecendo definitivamente. Mesmo depois de alguns meses longe dele, não conseguiu deixar de acreditar naquela sensação de que ele era o homem da sua vida. Eram os fatos tentando convencer suas sensações e sentimentos de que ele não era.
Ela tentava se convencer, mas não conseguia.
“Ele foi embora, se gostasse de você estaria ao seu lado.” Parecia tão simples, então porque ainda acreditava que era ele o seu amor predestinado?
Tudo a sua volta fazia lembrar-se dele e pior do que isso, aquela lembrança era sua companhia agora, era tudo que tinha. E ela estava apegada naquele sentimento.
Muitas vezes pensava que isso iria passar e tinha um medo terrível de deixar de amá-lo quando ele resolvesse voltar.
A possibilidade de nunca mais estarem juntos alimentava sua angústia diária, fazendo com que ela agarrasse a única coisa que tinha, o sofrimento por não estar com ele.
Este texto é o mais próximo que consegui chegar tentando descrever o que ouvi de alguém que está sofrendo por amor, foi o que me inspirou. Eu ouvi de uma pessoa que falava com lágrimas nos olhos e voz embargada pelo choro. Ela realmente está machucada, sensível e sofrendo.
Eu não sei se consegui descrever aqui o sofrimento e a dor que senti nas palavras dela ao vivo, é muito difícil pra mim, só quem já passou é que sabe como é.
Eu acredito que este é o grande tormento de quem espera, decidir se desiste de vez ou continua com esperança.
Eu sinceramente admiro gente que ama assim, tão devotamente outra pessoa. Admiro e respeito, alguém que tem essa força de sentir é proporcionalmente igual na intensidade do amor que dedica a alguém.
A minha idéia sobre o amor é que é diferente e distante de sofrimento, para mim o amor é um presente da vida para alegrar nossa caminhada.
Talvez eu esteja errada, talvez eu nunca tenha amado de verdade, talvez eu nunca tenha encontrado “aquela pessoa”, a tampa, a metade, a alma gêmea, ou sei lá mais o que, ou quem sabe, eu esteja super certa em não trazer mais dor para um mundo que já sofre tanto por razões mais realistas e inevitáveis do que esta.
Quem sabe? Se alguém souber, por favor, me diga!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique a vontade e entre na conversa!