A menina do armário

Eu sou uma menina esquecida no armário, alguém roubou minhas certezas.
Não há espaço, só muito pó de um passado escondido.
De onde estou só vejo medo e mistério, pouco ar e lágrimas.
Alguém vive a minha vida colorida em um empréstimo sem retorno.
Não há mais lágrimas porque as lembranças foram embora com o tempo.
Todas as minhas fragilidades eu pintei de ouro e teci uma armadura.
Ninguém vê através do ouro, ninguém vê o que está no centro.
Ninguém vê o que está no escuro.
Meu escudo é um sorriso largo e a distração é a minha fortaleza.
Todos só podem ver as flores diante da pressa dos dias.
O amor não veio hoje. Onde foi parar o frescor dos dias seguros?
Eu sou a menina esquecida no armário.
Aquela mesma que corria corajosa e livre nos dias de sol quente.
Hoje a brisa da verdade passou e abriu uma fresta. Só você viu que eram lágrimas.
Vem brincar comigo, vem me lembrar da alegria descompromissada.
Vem me ensinar sobre a vida.
Vem bailar comigo na noite de lua.
Vem me tirar dessa armadura.
Vem falar comigo até o sol nascer
Vem se mostrar para mim.
Eu só quero nascer de novo e olhar a vida sem medo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fique a vontade e entre na conversa!