Meu processo de reencontro

Houve um tempo que caminhar observando a humanidade era muito difícil para mim. Eu estava estudando sobre o espiritismo, sobre o mundo espiritual e a descrição daquele mundo perfeito só fez piorar a minha visão distorcida deste mundo terrestre. Eu não conseguia aceitar toda a imperfeição humana que eu via por toda a parte, inclusive em mim. Indignada, eu passava a perguntar a mim mesma e para Deus, ao Universo compulsivamente "Por que?" 
A indignação, a não aceitação e a falta de humildade e compaixão envenenaram a minha visão.
Meu olhar estava contaminado, focado nas mazelas. Longe do olhar do espírito que, o meu orgulho e a minha mente, me iludiram estar presente.
Eu fiquei doente. Estava dormindo mal, comendo mal, desenvolvi várias alergias de contato, minha bronquite da infância voltou.
Uma das médicas que me atendeu, homeopata, reconheceu a mãe dela em mim. Foi interessante a consulta.
A dra. me descreveu as emoções que causavam aquelas reações físicas e no fim falou que eram típicas dos indignados. Depois que me contou que a mãe, capricorniana como eu, foi por esse caminho e terminou a vida com muita amargura. Armadilha que eu poderia e deveria evitar, pois carrega uma série de doenças.
Olhar pessoas dormindo na rua, crianças mendigando, políticos roubando, pessoas morrendo por falta de assistência, jovens perdidos nas drogas, pessoas querendo tirar vantagem uma das outras, companheiros mentindo e enganando por alguns momentos de prazer. Tudo me fez pensar que esse mundo já era, melhor seria zerar tudo e começar de novo.
Eu me afastei de tudo, parei de ir ao centro espírita, parei de ver TV, parei de ir a baladas e bares. Resolvi dar um tempo de tudo, tirei 10 dias de férias e me recolhi.
Eu resolvi me afastar de tudo que me trazia aquela sensação de mundo fracassado, de desistência. Não percebi, naquele momento que o problema estava em mim.
Na minha ignorância eu não percebi que eu devia tratar a minha visão, ela estava distorcida completamente. 
Eu só peguei o problema e escondi embaixo do tapete, no meio da sala como disse meu terapeuta.
Estou tropeçando no resultado da minha ignorância nesse momento. Trabalhando em mim a compaixão por mim mesma, me perdoando, um processo de auto aceitação que está só nas primeiras contrações e já está doendo muito.
Estou tendo ajuda de um terapeuta maravilhoso, então acredito que a vida providenciou o cuidado necessário para que eu possa dar esse passo. Estou com medo, mas seguindo.
E como tudo acontece como tem que acontecer porque existe uma força maior cuidando da gente, eis que o universo me entrega, através dele, a mensagem perfeita. Quando a recebi chorei igual criança.

"Vai convivendo com tudo isso. Deixa essas informações se fazerem carne e irem moldando sua visão de mundo e comportamentos. A dor é o mais humano dos sentimentos. Ela nos une tanto quanto o amor. Ela nos orienta, nos direciona, nos dá a noção da finitude. É uma guia confiável. A dor é um processo dentro desse grande processo que é a vida. Acolhe ela. Mas há um momento que ela passa, é assimilada e se integra ao nosso patrimônio. Somos feitos de dores e amores. Alegrias e tristezas. Mas será que somos somente isso? Será que há algo imperecível? Algo que dure para sempre? Será que o nosso espírito está querendo nos dizer algo através das nossas dores? Do que precisamos nos dar conta? Onde está faltando um pedaço ou outro? Vamos completando nosso aprendizado a medida que caminhamos e na velocidade que nossa força de vontade e capacidade momentânea nos permitem. Aceita, acolhe, faça o que pode ser feito e acredita que uma força maior tomara conta e restaurará o que deve ser restaurado e trará o que tem de ser trago. Confia."

E dele: Sri Prem Baba

“Tenho dito que a raiz da crise que tem se manifestado nos vários setores da sociedade no mundo todo é devido ao esquecimento da dimensão espiritual da vida. A crise é um produto da nossa desconexão com o Grande Espírito. Nós perdemos a capacidade de enxergar o Espírito por trás das coisas e dos seres humanos (de nós mesmos). Não reconhecemos o Espírito porque nosso olhar está focado na matéria, principalmente na pobreza e nas mazelas do outro. E esse olhar somente alimenta a crença de que somos um pequeno eu. Esse é um encantamento, uma inconsciência coletiva.

Agora é respirar e manter o foco, não deixar o medo tomar conta.
Vou contando por aqui a aventura desse reencontro comigo mesma.


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