Ensinamentos - Lama Padma Samten

"Um mestre já falecido dizia: “Se você culpa seu marido por seus problemas, você tem uma condenação perpétua — os próximos vão ter a mesma cara, os mesmos problemas do primeiro.” Com namoradas é assim também. Podemos simplificar todo este processo com uma palavra — carma. É um processo muito sutil, não é uma lei que nos condena. Se fosse assim, não existiria a palavra Buda. Buda não é o ser, não é uma pessoa. Buda é uma condição de libertação de todos esses impulsos." Lama Padma Samten

Antes mesmo do perdão existe a não-culpa.”
Lama Padma Samten: Antes mesmo do perdão existe a não-culpa. O perdão é um pouco perigoso no sentido de que ele aponta para alguém que está sendo perdoado. Enquanto que a culpa também aponta para alguém. Mas nós compreendemos a inexistência do sentido absoluto da identidade, aí não faz sentido apontar nem culpas, nem perdão. Nossa natureza é livre, basta refazer os votos. A culpa é um aspecto ilusório, construído, luminoso, como os aspectos todos do Samsara. Significa nós tomarmos algo particular como uma ação e identificarmos a pessoa ou a identidade a partir disso. Naturalmente a pessoa não é isso, a pessoa é uma condição de liberdade, não é uma condição de prisão.

Este vídeo é curtinho e muito explicativo 


“A igualdade é experimentada pela nossa capacidade de entender que, ao trazer benefícios aos outros seres, nós também nos beneficiamos diretamente.”
Pergunta: Não entendo bem a correspondência entre as qualidades e as 5 sabedorias. Por exemplo, para a cor verde, qual a correspondência entre a habilidade de “destruir” e a sabedoria da causalidade? Para a cor vermelha, entre “estruturar” e a sabedoria discriminativa? O Lama poderia explicitar essa correspondência para cada um dos 5 Diani Budas?
Resposta do Lama: Essa é uma boa pergunta. Diz respeito à descrição operativa. Vou começar pela cor azul, que corresponde ao Buda Akshobia, sabedoria do espelho. Quando estamos trabalhando com esta sabedoria podemos entender como que as pessoas estão operando com as suas mentes no sentido de que há uma co-emergência entre o mundo externo e o mundo interno, como elas experimentam a essência do acolhimento. É justamente entender como que as pessoas operam e poder penetrar no mundo delas como elas o experimentam, e ao mesmo tempo, também através da sabedoria da co-emergência, reconhecer a liberdade natural de que ela dispõe. Reconhecer isto é o acolhimento.
A sabedoria da cor amarela é a sabedoria da igualdade, do Buda Ratnasambhava. A igualdade é experimentada pela nossa capacidade de entender que, ao trazer benefícios aos outros seres, nós também nos beneficiamos diretamente. Está ligada a nossa capacidade de manifestarmos felicidade por beneficiar os outros seres. Beneficiar os outros seres é essencialmente sustentá-los no esforço de superarem as suas dificuldades e manifestarem suas qualidades positivas em níveis mais e mais profundos. Quando isto ocorre, estamos manifestando a sabedoria da igualdade. Esta é uma atividade sem esforço. O fato de que não precisamos fazer esforço é uma manifestação natural e não fabricada desta sabedoria da igualdade, que trata da sustentação das qualidades positivas dos outros e da proteção frente aos obstáculos. Ela vem como se fosse algo para nós mesmos, algo natural.
Temos também a sabedoria discriminativa do Buda Amitaba que está baseada nas Quatro Nobres Verdades e no Nobre Caminho de Oito Passos. Ela oferece o eixo, a estrutura para as nossas vidas e também é o fio que une nossas experiências atuais com o caminho e o resultado. Portanto, esta é a sabedoria que estrutura a nossa vida quando queremos ajudar os outros seres. É a estrutura budista que podemos oferecer após ter acolhido os seres e iniciado a sustentação de suas qualidades positivas e de sua proteção frente ao sofrimento. Através da sabedoria discriminativa, nós ajudamos as pessoas a se conectarem por si mesmas, de modo independente e lúcido, numa estrutura de caminho que dá sentido às suas vidas.
Estas três etapas parecem que resolvem a questão, porém, como acontece conosco também, quando queremos ajudar as outras pessoas, vamos encontrar obstáculos que se contrapõem à própria estrutura. Mesmo que ela reconheça a estrutura como virtuosa e desejável, surgem obstáculos que precisam ser trabalhados por uma ação decidida. Este é o sentido do destruir: compreender a causalidade, a sabedoria da causalidade, essa é a sabedoria do Buda Verde, Amogasidi. Nós entendemos que as ações e as causas que produzem estas ações podem ser positivas ou negativas de acordo com seu resultado. Logo, as ações negativas que não foram superadas através da estrutura ou que subverteram a estrutura, precisam ser destruídas como uma forma de ajuda. O Lama diz que “destruir” foi uma palavra que ele inventou para sintetizar.
Então, nós temos este ponto: nós acolhemos, sustentamos, ajudamos a estruturação e destruímos os obstáculos. Parece que não falta nada, mas falta o ponto principal. Se tudo isto é feito, mas a pessoa não encontra a realização da sua face última que é a sua face verdadeira, aí vem a sabedoria de Dharmata, cor branca, que corresponde à sabedoria daquilo que esta além de vida e morte, nome e forma, espaço e tempo, amor ou abandono, vitórias e derrotas, etc. Esse é o ponto culminante do caminho, além de fumar e não fumar

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