A vida ensina, a caixa de Pandora também

O ser humano é uma caixinha de surpresas. Eu sei que é um chavão, mas não tive como fugir desse pensamento.
Eu vejo as pessoas agindo e reagindo sem parar para pensar no que as move, sem saber ao menos que determinado tipo de atitude vem se repetindo ao longo de sua vida.
Observação, atenção e carinho devem ser ministrados primeiro em você mesmo, afinal as suas ações e reações afetam todos a sua volta e o que é produzido de volta, no seu retorno é fruto, na sua essência, de seus próprios pensamentos, medos, frustrações, decepções e esperanças.
Nos tornamos produtores eficazes de nossas próprias mazelas, muitas vezes sem perceber que todas provém da mesma fonte, nós mesmos.
É preciso abrir a caixa de Pandora, sem isso não há como enfrentar, como crescer.
No entanto, há o medo, medo imenso, medo que cega. O que pode haver na caixa?
Neste contexto, me aproveito do mito de Pandora para explicar, o que na minha opinião é a batalha mais árdua do ser humano, a sua própria lapidação.
Na caixa de Pandora aqui é a nossa consciência na camada mais profunda, lá onde guardamos e escondemos as nossas razões egoístas, pífias e sem qualquer nobreza.
Todos temos as nossas mazelas, se não fosse assim não estaríamos aqui nesta escola.
Eu olho pra mim mesma buscando um sentido em minhas atitudes e reações, muitas vezes sem qualquer sentido para quem está fora, e dou de cara com a minha caixinha sorrindo pra mim, esperando para ser aberta. Eu já abri algumas vezes, uma frestinha. Esta experiência é sempre tão rica, isso dissipou o medo, não o cuidado, somente o medo que paralisa.
Estou buscando os meus porquês, minhas motivações, meus traumas, minhas desilusões, eu quero saber tudo que me move.
Não precisa ter medo, a esperança também está lá.
Para que não fique mal explicado, direto da Wikipédia.
"A mentalidade politeísta vê Pandora como a que deu ao homem a possibilidade de se aperfeiçoar através das provas e da adversidade (o que os monoteístas chamam de males). Ela lhe dá assim a força de enfrentar estas provas com a Esperança. Na filosofia pagã, Pandora não é a fonte do mal; ela é a fonte da força, da dignidade e da beleza, portanto, sem adversidade o ser humano não poderia melhorar."

Segundo Sérgio Pereira Alves psicólogo junguiano: Na narração mitológica, os significados são muito ampliados e uma redução seria cruel pois isto destruiria toda e qualquer aceitação e compreensão de um mito. Todos sabemos que um “bom leitor” é aquele que mantém a sua mente aberta para entrar na narrativa sem qualquer preconceito e racionalidade, para não destruir a realidade que o escritor está tentando criar. Então vejamos: Quando Júpiter se casa com Métis (Reflexão) ele a engole e dá a luz à uma filha Minerva ( A Sabedoria Divina) que lhe sai do cérebro. Se fizermos uso de uma redução, esta é uma imagem terrível, grotesca. Agora, olhe sob essa outra perspectiva; o deus nutre-se da Reflexão para gerar a Sabedoria. Mnemosina (A Memória) desposa Zeus e deles nascem as Musas (A Inspiração). O sopro divino em união com a Memória faz nascer a Inspiração.
Se a verdade do mito segue a alguma lógica, esta é a do Inconsciente. É mais uma intuição compreensiva da realidade da qual não se necessita provas para ser aceita. Pois ela, em si, nos remete à realidade interna nos dando uma vaga noção de significado. Como nos sonhos, quando percenbemos que existe algo de importante ali. E isso também era tudo que Jung pedia ao tratarmos com esta estranha realidade do inconsciente. Manter as nossas mentes abertas para que possamos captar um mínimo dessa linguagem tão peculiar. O mito não é uma lenda. O mito não é uma mentira. Ele nos conta de nossa realidade interna, portanto ele é verdadeiro para quem o vive. A narração de determinada história mítica é uma primeira incursão do homem em sua busca de significado sobre o qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel. Mas normalmente quando se fala de mito ou que alguma coisa é um mito, é mais no sentido desta coisa não ter nenhum compromisso com a realidade.


Nesta árdua luta de autoconhecimento voltar-se para suas motivações é primordial para buscar as respostas.
O que te move? O que te paralisa?

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