Algumas coisas que aprendi recentemente

A constatação do vazio e da impermanência ao mesmo tempo que causa alivio trás uma sensação de que não temos controle sobre nada.
Eu sempre me achei tão senhora de mim, acredito que para alguns parecia uma arrogância, sem ser. Esta era a minha verdade. E a verdade é assim mesmo, ela é a do momento, não quer dizer que por ser verdade seja eterna, e ainda bem que não é, senão como poderia provocar mudanças?
Hoje a minha verdade ainda não se formatou, está em movimento.
Passei por momentos que tive que aceitar que a única coisa possível era chorar, chorar até que aquela tristeza se fosse e deixasse alguma novidade. Parece que a tristeza de uma verdade que ruiu tem suas exigências, só trás o novo se você se entregar a ela.
As lágrimas que turvam os olhos na verdade, abrem seu coração, que humilde e frágil se mostra mais aberto para receber as novidades.
Não quer dizer que eu fiquei melhor ou pior, quer dizer que eu sou mutável, que tudo que acredito hoje pode não fazer sentido algum amanhã.
E o que ficou então?
A certeza  de que o amor não é aquilo que eu tanto acreditei e investi. Que amor não tem nada a ver com bonito e feio, certo e errado, não é razão, o amor não está nem ai pra razão.
Eu tenho que reaprender a amar, reaprender a ser amada. Experimentar o fluir, sem racionalizar.
O amor não barganha, não condiciona, não aprisiona.
Eu somente acreditei ser o amor, o cuidado, e este cuidado para mim era o cuidado de tudo, como se eu fosse a mãe protegendo sua prole indefesa, e isso me desgastou, cansou, aprisionou.
Por esta dinâmica de amor eu também exigi de mim uma forma não humana de viver. Como se eu não tivesse o direito de ser humana, como se eu fosse a mulher maravilha. Forte, digna, perfeita, uma heroína.
Não, eu não sou pefeita, não, eu não sou super mega ultra forte, não eu não sou ...
Eu tenho meu lado negro como qualquer ser humano, convém não alimentar este lado, mas conhecê-lo é prudente. Eu também sou frágil, carente e chorona.
Eu posso me amar assim, imperfeita, humana e mutável. É desse amor que estou falando, é este que estou reaprendendo.
Eu não quero ter as respostas de tudo, eu quero dizer tudo que eu penso, e, me desculpem os mais sensíveis se não for a resposta que querem ouvir. Mas será a única que eu terei a dar.
Uma nova fase se instalou em mim.
Eu senti a perda de tudo, como se eu tivesse morrido. E a angústia inicial deu lugar a uma paz inexplicável.
Talvez eu tenha morrido. Talvez eu tenha me afogado naquele mar de lágrimas.
Acordei desprendida. Não sei se as pessoas que estiveram comigo até aqui, continuarão ao meu lado. Talvez elas precisem daquela outra para amar. A estes só posso dizer que a viagem foi boa, mas ela se foi.
Eu quero aprender novas formas de me relacionar, amar, compartilhar... começar uma nova travessia.
"O real não está na saída nem na chegada; ele se dispõe para a gente é no meio da travessia" (Guimarães Rosa)
Então é isso, estou me propondo outras travessias.

2 comentários:

  1. Isso é que é maturidade ....
    A percepção da impossibilidade de controlar é libertadora ...

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  2. É sempre travessia.
    A verdade não se formata, ela é movimento. Imutável.

    Desatou.

    Não se precipite em atar a nada.

    "Está na outra ponta da corda..."

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