Quando não há mais nada a fazer além de contemplar o movimento, respire fundo e deixe a vida seguir.
Não há mais nada, só o vazio de que tudo já foi dito, e feito, e sentido e exaurido.
A sensação é de que somos impotentes diante da história do outro, mesmo que esta história cruze a nossa.
Não existe mais o que ser feito além de seguir. Então, sigamos!
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes
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