O texto abaixo nasceu de uma brincadeirinha com um grande amigo, mais que amigo, uma alma irmã que enriquece demais o meu viver!
Com vocês: O Casaco e o Sorvete de André Custódio (Megantena) e Paulinha Costa
No píer estava escuro, mas ainda assim ele conseguia ver seu rosto. Ela caminhava com um sorvete na mão, adora sorvete, o gelado em sua boca a fazia sentir-se viva.Sabia que a cada cravada de dentes que dava na massa de morangos ele a olhava de canto e recuava tímido.
Não estava frio, a noite era de lua, ela gosta de olhar a lua naquele píer, mas nesta noite não estava sozinha. Além de seu amigo, alguém os observava ao longe, uma presença misteriosa. Ela o chamava de amigo do píer, mas nunca haviam se falado, a figura ao longe era nova por ali. Ela resolveu falar com ele nesta noite e justamente quando conseguiu coragem para ir na sua direção apareceu alguém, quem era essa figura agora?
Quando ele era criança e visitava aquele já velho píer com seus pais e irmãos, ainda não sabia que era ali que sua vida mudaria para sempre.Depois que foi deixado para trás por seus pais em uma fuga para outro país, ele nunca mais viu ali naquele lugar o mesmo lugar delicioso de seus tempos de infância.
A sua roupa estava muito quente, começou a tirar o casaco, quando tropeçou. Ela não queria levantar nunca mais, queria que mundo acabasse ali, que um buraco a sugasse para sempre, que vergonha.Ele riu e lembrou se da vida.Ela era agora.Ela e sua roupa lambuzada.Aquele sorriso envergonhado era pra ele uma golfada de ar fresco. E agora o que eu faço? Vou fingir que morri, não, isso também já é demais, vou levantar rápido como no Matrix, ah não, isso não seria ridículo? Riu e começou a levantar em câmera lenta, achou mais charmoso. Ele estava vindo na sua direção. Ai meu Deus, morri.
Deixa que eu te ajudo! Eram as primeiras palavras entre eles.
Eu estou bem, você viu o meu sorvete? Ele riu. Pensando no sorvete e o joelho sangrando.Ficou com vontade de provar.
Se você me deixar eu pago um novo pra você, porque o seu já era.
A figura misteriosa se moveu e os dois se assustaram. Depois caíram na risada, era só um casaco pendurado.
Ela ainda estava no chão e ele pediu para limpar seu joelho. Melhor do que sentir o gelado do sorvete era alguém tocando seu joelho. Mesmo sentindo a dor que as pedrinhas de areia provocavam enquanto ele a limpava, ela pensava, como aquilo era bom.Nunca antes havia sido tocada daquele jeito.
Por um instante pensou no casaco que a assustou antes, quando o procurou novamente, já não estava lá.
O casaco sumiu. Ele olhou naquela direção. Acho que não estamos sós.
Eles se levantaram e tudo aconteceu tão rápido que não houve tempo para reação.
Apareceu do escuro aquela figura bruta, apenas gritou com ela. Eu sabia. E atirou contra os dois.Uma bala foi suficiente para os dois.
Pegou o sorvete caído e sumiu na escuridão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fique a vontade e entre na conversa!