A gente precisa urgentemente abrir a mente para desenvolver formas novas de se relacionar (com tudo) e perceber que copiar as “velhas” fórmulas e transvesti-las de outros nomes não as torna menos nefastas. Distorções de significados e atitudes distorcidas não se tornam nobres só porque o “novo” nome está pegando carona em causas nobres.
Precisamos ficar atentas e atentos as nossas atitudes e aos nossos vieses enrustidos e/ou inconscientes e mais do que nunca, perceber quando algo nebuloso precisa ser validado com um nome bonito para que “pareça” justificável e não somente a repetição de um padrão que não traz benefício concreto as nossas relações, nem nunca trouxe, em tempo algum.
É tempo de repersarmos se uma mentira em troca de lealdade é justificável. É tempo de refletirmos se o tal corporativismo masculino já não fez estragos suficentes a ponto de não ser desejado pela mulheres.
Já ouvi algumas vezes que as mulheres tinham alguma inveja do corporativismo masculino. Frases do tipo: Os homens são unidos e as mulheres não; Os homens são leais e as mulheres se traem; Os homens se protegem e as mulheres competem entre si; São frases fáceis de encontrar em textos que tratam da competitividade feminina.
Existe algo bem nefasto no corporativismo masculino, que tem a ver com o quanto eles são cúmplices, o quanto se protegem ao acorbertarem suas mentiras, suas pequenas escapadelas. Parece que existe mesmo um acordo velado entre eles, uma espécie de código de honra, não sei...
Eu não invejo a lealdade dos ladrões, dos piratas ou dos mentirosos. Simplesmente não quero fazer parte de mentiras, seja por uma boa causa, seja por corporativismo, seja por sororidade. Uma mentira é uma mentira mesmo que você a transvista de um nome nobre.
Tive que refletir sobre isto nesta semana. Uma mulher me pediu para mentir para o meu companheiro para poder me encontrar com ela sem que ele soubesse, foi um pedido claro, não deixou dúvidas, apesar de não deixar claro o motivo e nem qual seria o assunto exatamente. E na hora eu respondi que tudo bem. Por considerar a privacidade dela e pensar em sororidade eu confesso que não vi nenhum mal na hora, mas depois me vi refletindo em qual das duas atitudes de fato poderia corromper meu coração. Quando eu disse a ela que não diria para ele, eu realmente não tinha pensando no quanto isso seria uma falta de lealdade com ele, olhar no olho de alguém e mentir definitivamente não é uma coisa que agrada meu coração.
Foi quando estavamos frente a frente e ele me perguntou que eu me dei conta, "porque eu tenho que mentir para ele? Em nome de que?" Por que uma mentira é necessária e justificável?
Não há resposta que satisfaça meu coração. Qualquer coisa que comece com uma mentira não está certa. Talvez haja alguma justificativa na guerra, na resistência, na revolução, no mundo dos negócios, não sei dizer ao certo. O que eu sei dizer com toda a reflexão pela qual me submeti, é que se as mulheres repetirem os mesmos comportamentos dos homens este mundo não vai mudar, só vai mudar de mão, mas continuará o mesmo.
Feminismo para mim não tem nada a ver com mulheres se comportando como homens, feminismo para mim tem a ver com mulheres se comportando com quiserem, com liberdade. E tanto homens quanto mulheres não tem direito de utilizar a palavra lealdade para fazer da mentira algo aceitável ou bonito, porque não é. Bonito é a gente poder agir com transparência, com verdade e pensar em nossa atitudade baseada em honestidade, clareza e em não causar dano a qaulquer ser humano, independente do seu genero.
O meu desejo para o movimento feminista, do qual me considero parte, é que não se cometam os mesmos erros do patriarcado, que todos possam se beneficiar da liberdade, incluindo ai dizer a verdade, porque mentir para fazer algo pressupõe que ela não exista.
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