Uma viagem sutil e emocionante, frágil e efêmera

Diante da eternidade da alma algumas coisas se tornam tão acanhadas.
Minha alma é minha, muito minha. Eu sei quem eu sou, sei o que posso fazer, sei que posso ir muito além do que parece.
Uma vez eu me entreguei, quase sem notar, para alguém que não soube o que fazer. Tal qual um bebezinho com um brinquedo novo e grande demais para seu tamanho, cambaleou, cambaleou com aquele pacote imenso e caiu. Deixei-o de canto e foi brincar com outros, sem sequer saber o que tinha lá dentro.
Quando a entrega é assim, quase sem notar, quase sem se dar conta, é como se fosse um assalto. E apesar de me achar uma pessoa racionalmente emotiva, sou de carne e osso, e esse é o vacilo mais humano que existe. Quem me roubou de mim pode ficar tranquilo, eu já me tomei de volta. Aqui eu sei o que fazer comigo, aqui, como um filho pródigo, sou bem recebida, tem aqui muito carinho e amor para cuidar dos fragmentos do que deixei e do que ficou em mim. Desilusão dói, mas ensina muito.
Diante das coisas da vida, de todas as coisas, foi uma viagem sutil e emocionante, frágil e efêmera, porém de herança sábia e eterna. Agradeço a companhia adorável durante este trajeto com um sorriso pleno.
Próxima estação, por favor!

Pensamento de ontem

Eu me vejo parecida com a  Liz em alguns momentos, como no trecho que citei no outro post (clique para ler o post). Mas eu escreveria um pouco diferente.
Quando eu amo você eu quero te dar tudo, te proteger de tudo, te fazer sentir a pessoa mais especial e amada do universo. E quando, finalmente, te ver sorrir feliz por causa dessa sensação, eu começo a pensar em criar novas formar de te amar mais e mais.
Porque quando eu amo, é muito e é tudo.
Eu não sei amar mais ou menos, um pouquinho. E, quer saber? Nem quero aprender. Amar pra mim é isso, se ocupar em fazer alguém feliz, se dedicar para fazer a vida dela melhor, mais doce e mais alegre.
Quando eu amo você, não é 8 ou 80, é tudo ou nada.
Porque eu não preciso de muito, se eu amo você, só preciso que você esteja aqui e se deixe amar.

Se deixar amar não é coisa muito fácil, é preciso entrega e nem todo mundo está apto ou desejando se entregar a outro, mesmo que este o ame de verdade.
É preciso um tanto de coragem para entregar seu ser para ser amado, é preciso coragem e generosidade. E se a pessoa não está disponível para isso, não há muito o que se fazer.

Hoje eu entendo melhor os anseios da Liz, o seu amor e depois sua desistência. Ela teve que desistir de um amor enorme e optar por ela própria. Afinal nós podemos sacrificar algumas coisas por um grande amor, mas não podemos sacrificar a nós mesmos. Fazer o outro feliz é maravilhoso desde que para isso não seja preciso esquecer de si mesmo, se auto mutilar, dilacerar seu ser.

Alguns momentos de felicidade plena em outra direção fazem uma verdadeira implosão dentro da gente. Perceber e sentir que a felicidade não está genuína e unicamente ligada aquela pessoa que amamos é uma sensação imensamente libertadora.
Acredito que seja a forma mais saudável de sair de uma situação dessas, experimentar e honestamente procurar outras formas de sentir prazer e felicidade.
Amor é para ser bom, não é para trazer conflito e dor. Amor é para deixar a vida mais leve. Talvez não o tempo todo, mas pelo menos, na maior parte do tempo.
Algumas horas de prazer seguidos de dias de tormento só ficam bem em novelas, filmes e romances. E mesmo eles tem duração determinada.

Porque poesia é fundamental

Estamos Sob o Mesmo Teto
Arnaldo Antunes
O Globo: 25/07/2009
estamos sob o mesmo teto
secreto
onde o sol indesejável é barrado
eu e você
sob o mesmo nós
dois, sóis
sob o mesmo pôr
(o enigma do amor)
do sol
onde todo contorno finda
estamos
sob a mesma pálpebra
agora
já e ainda
intactos de aurora.

Os Buracos do Espelho
Arnaldo Antunes
O Globo: 27/07/2009
o buraco do espelho está fechado

agora eu tenho que ficar aqui

com um olho aberto, outro acordado

no lado de lá onde eu caí



pro lado de cá não tem acesso

mesmo que me chamem pelo nome

mesmo que admitam meu regresso

toda vez que eu vou a porta some



a janela some na parede

a palavra de água se dissolve

na palavra sede, a boca cede

antes de falar, e não se ouve



já tentei dormir a noite inteira

quatro, cinco, seis da madrugada

vou ficar ali nessa cadeira

uma orelha alerta, outra ligada



o buraco do espelho está fechado

agora eu tenho que ficar agora

fui pelo abandono abandonado

aqui dentro do lado de fora

Comer, Rezar, Amar - Trecho do livro


Elizabeth Gilbert

Durante quase duas décadas inteiras, estive envolvida em algum tipo de drama com algum tipo de cara. Cada qual se sobrepondo ao seguinte, sem sequer uma semana de intervalo entre os dois. E não posso evitar pensar que isso representou uma espécie de entrave no meu caminho rumo à maturidade.
Além disso, tenho problemas de limites com os homens. Ou talvez não seja justo dizer isso. Para ter problemas com limites, é preciso primeiro TER limites, certo? Mas eu sou inteiramente tragada pela pessoa que amo. Sou como uma membrana permeável. Se eu amo você, eu lhe dou tudo que tenho. Dou-lhe o meu tempo, a minha dedicação, a minha bunda, o meu dinheiro, a minha família, o meu cachorro, o dinheiro do meu cachorro, o tempo do meu cachorro - tudo. Se eu amo você, carregarei para você toda a sua dor, assumirei por você todas as suas dívidas  (em todos os sentidos da palavra), protegerei você da sua própria insegurança, projetarei em você todo o tipo de qualidade que você na verdade nunca cultivou em si mesmo e comprarei presentes de Natal para sua família inteira. Eu lhe darei o sol e a chuva. Darei a você tudo isso e mais, até ficar tão exausta e debilitada que a única maneira que terei de recuperar minha energia será me apaixonar por outra pessoa.
Não é com orgulho que revelo esses fatos sobre mim mesma, mas é assim que sempre foi.

"O que sei é o seguinte: estou exausta com as consequências cumulativas de uma vida de escolhas apressadas e paixões caóticas."

                          .............................&&&.....................................................

Mas e se, seja por escolha ou por uma relutante necessidade, você acabar não participando desse reconfortante ciclo de família e continuidade? E se você sair dele? Onde vai se sentar na reunião familiar? Como vai marcar a passagem do tempo sem o medo de ter simplesmente desperdiçado seu tempo na Terra sem ser relevante? Você vai precisar encontrar outro propósito, outra medida pela qual avaliar se foi ou não um ser humano bem sucedido. Adoro crianças, mas e se eu não tiver filhos? Que tipo de pessoa isso me torna?
Virginia Woof escreveu: " Sobre o imenso continente da vida de uma mulher recai a sombra de uma espada." De um lado dessa espada, disse ela, estão a convenção, a tradição e a ordem, onde "tudo é correto". Mas, do outro lado dessa espada, se você for louca o suficiente para atravessar a sombra e escolher uma vida que não segue a convenção, "tudo é confusão. Nada segue um curso regular". Seu argumento era que atravessar a sombra dessa espada pode proporcionar à mulher uma existência muito mais interessante, mas podem apostar que ela também será mais perigosa.
Tenho a sorte de pelo menos ter a minha escrita.

                                                        ..........&&&.........

Nós nos amávamos. O problema nunca foi esse. Só não conseguíamos descobrir como parar de tornar o outro desesperadamente, alucinadamente, desgraçadamente infeliz.
Na primavera anterior, David havia proposto a seguinte louca solução para os nossos problemas, só meio brincando:
_E se a gente simplesmente reconhecesse que nosso relacionamento é ruim, e mesmo assim ficasse junto? Se admitisse que a gente enlouquece um ao outro, que está sempre brigando e quase nunca transa, mas não consegue viver um sem o outro, por isso aguenta tudo? Daí a gente poderia passar a vida inteira junto ... infelizes, mas felizes por não estarmos separados.
Que o fato de eu ter passado os últimos dez meses considerando seriamente essa proposta seja um testemunho de como eu amo desesperadamente esse cara.
A outra alternativa que ainda não havíamos descartado, é claro, é que um de nós pudesse mudar. Ele poderia se tornar mais aberto e mais afetuoso, sem se afastar de qualquer pessoa que o amasse por medo de que ela fosse lhe devorar a alma. Ou eu poderia aprender a ... parar de devorar a alma dele.
Com David, eu muitas vezes havia desejado conseguir me comportar mais como minha mãe faz em seu casamento - independente, forte, auto-suficiente. Alguém que se vira sozinho. Alguém capaz de existir  sem doses regulares de romantismo ou elogios do solitário fazendeiro que é meu pai. Alguém capaz de plantar alegremente jardins de margaridas entre os inexplicáveis muros de pedra do silêncio que meu pai às vezes constrói ao redor de si mesmo. Meu pai é simplesmente a pessoa  que quem mais gosto no mundo, mas ele é meio esquisito. Um ex-namorado meu certa vez o descreveu assim:
_ O seu pai só tem um pé na Terra. E pernas muito, muito compridas.
O que cresci vendo acontecer na minha casa foi uma mãe que recebia o amor e o afeto do marido sempre que se lembrava de lhe dar, mas que em seguida se afastava e ia cuidar da própria vida, enquanto ele mergulhava em seu universo particular, feito do pior tipo de negligência distraída.
...
Mas então tive uma conversa reveladora com minha mãe, pouco antes de viajar para Roma ... Contei-lhe o quanto amava David, mas como me sentia sozinha e desiludida estando com alguém que não parava de sumir da sala, da cama, do planeta.
_Está parecendo que ele é meio igual ao seu pai - disse ela. Um reconhecimento corajoso e generoso.
O problema  - disse eu - é que não sou igual a minha mãe. Não sou tão forte quanto você, mãe. Eu realmente preciso de um nível constante de proximidade da pessoa que amo. Queria conseguir ser mais parecida com você, então eu poderia viver esta história de amor com o David. Mas não poder contar com esse afeto quando preciso dele simplesmente me destrói.
Foi ai que minha mãe me chocou. Ela disse:
_ Sabe todos essas coisas que quer do seu relacionamento, Liz? Eu também sempre quis essas coisas.
Nesse instante, foi como se a minha mãe tão forte estendesse a mão por cima da mesa, abrisse o punho fechado e finalmente me mostrasse a quantidade de sapos que tivera de engolir ao longo de décadas para conseguir permanecer feliz no casamento com meu pai (e, considerando todos os prós e os contras, ela é feliz no casamento). Nunca tinha visto esse seu lado antes, nunca. Nunca havia imaginado o que ela poderia ter querido, o que poderia lhe ter faltado, por que coisas ela poderia ter decidido não lutar depois de considear a situação de forma geral. Ao ver tudo isso, pude sentir minha própria visão de mundo começar a sofrer uma mudança radical.
Se até ela quer o que eu quero, então...?
Dando prosseguimento a essa sucessão inédita de intimidades, minha mãe falou:
_ Você precisa entender que fui criada esperando merecer muito pouca coisa da vida, meu anjo. Lembre-se... sou de um tempo e de um lugar diferentes dos seus.
Fechei os olhos e vi minha mãe aos 10 anos de idade, na fazenda da família, trabalhando como uma condenada, criando os irmãos mais novos, usando as roupas da irmã mais velha, poupando centavos para conseguir sair de lá...
_ E você precisa entender o quanto amo o seu pai - concluiu ela.
Minha mãe fez escolhas na vida, como todos nós precisamos fazer, e está em paz com elas. Posso ver a sua paz. Ela não julgou a si mesma. Os benefícios das suas escolhas são enormes - um casamento duradouro e estável com um homem a quem ela ainda chama de melhor amigo; uma família que agora inclui netos que a adoram: a certeza de sua própria força. Talvez algumas coisas tenham sido sacrificadas, e meu pai também fez lá os seus sacrifícios - mas qual de nós vive sem sacrifício?
E, a gora, a pergunta para mim é: Quais serão as minhas escolhas? O que eu acho que mereço nesta vida? Onde posso aceitar fazer sacrifícios, e onde isso não será possível? Tem sido muito difícil para mim imaginar a vida sem David. Tem sido difícil até imaginar que nunca haverá nenhuma outra viagem de carro com meu companheiro de viagem preferido, que nunca mais vou encostar no meio fio em frente à casa dele com as janelas abertas e Bruce Springsteen tocando no rádio, um estoque imenso de papo-furado e besteiras para comer em cima do banco, e infinitos destinos despontando na auto-estrada. Mas como posso aceitar esta felicidade, quando ela vem acompanhada de um lado tão sombrio - um isolamento acachapante, uma insegurança corrosiva, um ressentimento insidioso e, é claro, a completa desintegração do meu ser que inevitavelmente acontece quando David pára de dar e começa a levar embora. Não consigo mais fazer isso. Alguma coisa em minha recente felicidade napolitana me fez ter certeza de que não apenas eu posso encontrar a felicidade sem David, mas que eu preciso fazer isso. Por mais que eu o ame ( e eu o amo de verdade, de forma estupidamente excessiva), preciso dizer adeus e essa pessoa agora. E preciso me manter fiel a essa decisão.

Pensamento de hoje

E essa falta da falta do que me falta, que não sei o que é nem de onde veio e muito menos como sentir menos falta.
Estou tentando descobrir o tempo que passa os fragmentos que ficam, fragmentos do que se foi e ainda do que está em mim.

Porque a música é essencial

Ela queria ser flor mas era só água açucarada

Todos os dias ela observava, de sua janela, aquele passarinho de múltiplas cores . Sua dança matinal, sua graça e leveza ao parar no ar, sua necessidade em beijar tantas flores.
Um dia ela começou a desejar que ele chegasse mais perto, queria ver sua dança com mais detalhes, queria desfrutar de sua presença. Colocou água açucarada na janela e aguardou que ele viesse.
Todos os dias a ansiedade a acordava para esperar o beija-flor. Aquilo virou seu desejo mais profundo, seu coração disparava ao abrir janela. Não pensava em outra coisa, dormia querendo que amanhecesse logo.
Até que, finalmente, ele veio bem pertinho experimentar a sua água doce. Foi o dia mais feliz, a emoção tomou conta espalhando sorrisos satisfeitos, foi como se tudo ao seu redor se resumisse aquele momento mágico.
Ele vinha todos os dias, mas nem se dava conta da expectadora apaixonada.  A emoção foi diminuindo na intensidade que crescia a certeza desta constatação.
Ela retirou a água açucarada, já não o queria tão perto. Ele só estava ali pela água.
Ela sentia saudade das emoções que ele provocara, a paixão que ele despertara.
Era do néctar das flores que ele necessitava, não de água açucarada, ela havia criado uma ilusão.
Ela se apaixonou por ele dançando no ar em volta das flores, ela desejou ser uma flor para ser beijada por ele, queria dançar com ele, queria ser ser sua flor favorita.
Foi a emoção que a cortejou, a emoção da paixão. O beija-flor foi só o pretexto.
Por onde anda o beija-flor? Não importa, a paixão daqueles momentos é que deixaram saudade.

Ensaio sobre a Amizade - Lya Luft

Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com

quem pretende um relacionamento? Perguntou-me o jovem

jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor

amigo. O resto, é claro, seriam os ingredientes da paixão, que

vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na

alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na

tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem aquela

pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres. 

Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é

instinto e intuição, mas uma dessas opções mais profundas,

arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para

se destruir. Eu não quereria como parceiro de vida quem não

pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus

alicerces emocionais: são um dos ganhos que a passagem do

tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem posso

telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou

da madrugada, e dizer: "Estou mal, preciso de você". E ele ou

ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo

alguns quarteirões a pé, ou simplesmente ficando ao telefone o

tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me

reaprume, não me mate, seja lá o que for.

Mais reservada do que expansiva num primeiro momento,

mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos e poucas,

mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a

família, o chão sobre o qual a gente sabe que pode caminhar.

Que e-mail foi este?

O envio dele:


Oi Pretinha, como estão as coisas? Muito bem parece.
Não fique brava comigo, mas estive ensaiando por muito tempo até ter a coragem de te escrever.
Eu te vi naquele café da praça Vilaboin outro dia, você não me viu e nem eu fiz questão de ser visto, fiquei te observando de longe e foi ai que consegui escrever.
Tenho muita saudade, mas pouca iniciativa, como você sempre me disse e estava certa.
Muitas coisas ficaram comigo este tempo todo, e agora que a minha vida está dando uma guinada de 360 graus sinto que preciso te dizer o que não disse ainda.
Muitas noites fiquei pensando em você e lembrando das nossas noitadas e madrugadas. Seu cabelo que você vivia chamando de capitão caverna e que eu adorava desarrumar, Nunca gostei do seu cabelo arrumadinho, adorava ver o capitão caverna acordando com cara de feliz.
Sinto falta de ver as suas caretas, os seus pulos de alegria, seu olhares que não precisavam de palavras. Mas você fala mesmo assim e até disso eu sinto falta, dos sermões que você adora dar e sabe como acertar em cheio onde precisa. Você foi a pessoa que eu mais ouvi e respeitei na minha vida. Mesmo quando estava brava porque você é brava e mandona mas também é a mulher mais generosa do mundo. Sua generosidade é que conquista qualquer pessoa.
Hoje me sinto um imbecil porque sei que não vou encontrar outra pessoa tão especial e tenho certeza que você vai.
Eu não sei o que aconteceu comigo, até hoje eu não sei, algumas pessoas me disseram que isso aconteceria, que eu iria me arrepender, mas naquele momento eu não consegui ver.
Eu estava confuso mas tinha certeza que você não iria me aceitar de volta, mas eu precisei ir para saber o quanto eu te amava.
Hoje eu me sinto como aquele outro que foi no seu casamento porque tinha que ter certeza que havia perdido a chance com você para sempre. Aquele infeliz que como eu deixou a sorte escapar por seus dedos. Hoje nós dois somos iguais.
Nunca existiu alguém que eu tenha amado tanto. Eu queria ser melhor todos os dias para você, mas não conseguia e isso foi me deixando mal.
Sinto saudade de caminhar com você, da sua risada, da sua cara de menina, de dormir abraçado a noite inteira, do seu corpo quente, das suas calcinhas, do seu cheiro, do gosto da sua boca, do seu pé esquentando o meu, ainda mais nestes dias de frio que estão fazendo.
Eu não estou pedindo para voltar, porque eu sei que não adiantaria.
Nunca vou esquecer aquele olhar no dia que conversamos, você me deixou falar como se eu tivesse terminado uma coisa e para você já tinha acabado, seu olhar já era de adeus desde a primeira palavra, você já tinha se decidido. E quando eu me dei conta e quis voltar você me conduziu de volta para onde eu estava, já não me queria mais em sua vida, eu tive a certeza quando você me disse que eu iria amar outras pessoas, você disse outras pessoas com aquele jeito.
Sinto saudade do seu café da manhã na cama, no brigadeiro da madrugada, da massagem nos pés. Eu nunca me senti tão amado. Isso me dá orgulho, você já me amou e amou inteira, se entregou para mim de verdade. Eu sei que isso não é para qualquer um, como você sempre dizia.
Eu queria ter sido outro para você, queria ter te feito a mulher mais feliz e amada do mundo, queria que você fosse a minha rainha. Me perdoe, eu fui um fraco.
Só hoje eu percebo o que eu deixei para trás por causa de imaturidade, fraqueza, e me deixar levar por coisas tão sem importância.
Obrigada por ter me ensinado tantas coisas, por ter cuidado de mim e todos que estavam em minha volta, por sarar minhas feridas, por me amar.
Hoje eu sou aquele cara que perdeu o bilhete premiado, mas sabe que alguém vai levar o premio.

Fique bem, você merece ser muito feliz

XX

A resposta dela:

Todos nós merecemos a felicidade. E a vida só tem graça se for assim este dar e receber amor.
Se houve um desencontro em algum momento é porque era assim que tinha de ser.Não se açoite por isso.
A vida é sábia demais para acharmos que sabemos tudo, nós não sabemos nada.
Eu espero que esteja feliz, eu estou.
Fique bem.

Este inconfesso desejo

Este inconfesso desejo... diria Drummond. Como só ele e Clarice me entendem!

Poesia, eu preciso para viver! E  hoje foi o Bilac a me fazer companhia, neste ir e vir do computador à janela. Nesse soluço que hora me assalta
Ah Bilac, eu não poderia estar em melhor companhia. Poderia sim, claro que poderia...


Via Láctea 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".





Delírio 

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...

Olavo Bilac

Eu já tinha até esquecido como era

Quando tudo em volta permanece igual e aparece o tédio, a unica saída é mudar de dentro para fora. Quando você altera seu universo interno tudo parece novo. É surpreendente como o cenário acompanha seu estado de "estar".
O que você desejava, deixa de ser desejo, o que era comum fica colorido, coberto de cores novas, interessantes, o que era interessante, inovador e único passa a ser o óbvio, o repetitivo, o previsível.
A vida é um pouco mais do que isso. Eu preciso de surpresas, preciso que a minha alma dê aquele suspiro de surpreendida de vez em quando para sorrir.
Até a inspiração muda. Adoro sentir esta brisa  invadindo de novidade o meu ser. (Da série coisas que aprendi.)

--------------------***-----------------------***------------------------------------

Um pouco de identidade astral explica algumas coisas...


Sol em capricórnio, ascendente em Leão.
Um senso natural de dignidade própria é uma marca registrada da combinação do signo solar de Capricórnio com o ascendente em Leão do seu mapa, Paula. Você provavelmente tem plena consciência de seus deveres e de suas responsabilidades, além de uma boa autovalorização que lhe permite não se submeter a nada que você considere "abaixo" dos seus padrões. Esta fidelidade ao próprio coração faz a diferença num mundo em que as pessoas vivem traindo a si mesmas! Por isso mesmo você pode muitas vezes incomodar... Nem todo mundo gosta de ver alguém tão fiel a si. 

Algumas coisas que aprendi

A mente de outra pessoa é como uma casa que você nunca entrou, impossível saber o que acontece lá dentro.

Belas palavras me comovem como literatura, como arte, mas não me convencem de sentimentos alheios. Belas palavras sem atitudes que as acompanhem são tão vazias quanto um tronco oco, fica em pé mas não tem nada por dentro.

Amizade é a forma mais saudável de amar e de ser amado.

Tem pessoas que precisam mais do que serem amadas, precisam ser amadas e perdoadas o tempo todo e isso é muito desgastante.

A minha alma precisa de música como o meu corpo precisa de oxigênio para viver, mas um abraço, faz viver em minha alma e meu corpo o significado da vida.

A família que o coração escolhe é a mais fiel e cúmplice que existe.

Sabe aquele papo que o melhor caminho é a conversa? Então, nem sempre é bem assim. Existem coisas que não precisam de palavras, tudo já foi dito sem ter sido. As atitudes contundentes dispensam palavras.

As vezes precisamos olhar duas vezes para a mesma direção para perceber que pode ser aquela a direção certa.

Existem coisas que só demonstram sua fragilidade quando já é tarde demais, são como castelos de cartas.

Só o que é real me interessa, toda ilusão é uma furada, pode até ser um iate, mas se está furado é igualzinho a uma canoa, afunda igual.

A amizade é o grande tesouro da minha vida. Se o mundo acabasse amanhã eu diria que tudo bem, se pudesse estar com meus amigos até os últimos momentos eu não teria medo.

Assista o vídeo, a música é linda e a mensagem vale muito a pena!

Quer indícios da personalidade? Veja como ele ou ela dorme

Se você quiser um sinal sobre a verdadeira personalidade de alguém, rapidamente, tente ver o modo como ela dorme.
Os cientistas acreditam que a posição em que uma pessoa dorme fornece uma pista importante sobre o tipo de pessoa que ela é.
Professor Chris Idzikowski, diretor do Sleep Assessment e assessoria, analisou seis posições de dormir mais comuns - e descobriu que cada um está ligado a um tipo de personalidade específico.
"Estamos todos conscientes de nossa linguagem corporal quando estamos acordados, mas esta é a primeira vez que podemos ver o que nossa postura inconsciente diz sobre nós.

  • Foetus: Aqueles que enrolam-se na posição fetal são descritos como resistentes por fora, mas sensíveis por dentro. Eles podem ser tímidos quando conhecem alguém, mas logo relaxam. Esta é a posição do sono mais comum, aprovado por 41% das 1.000 pessoas que participaram da pesquisa. Mais de duas vezes mais mulheres do que homens tendem a adotar essa posição.

  •  Log (15%): Deitada de lado com ambos os braços para baixo ao seu lado. Esses dorminhocos são fáceis, pessoas sociais que gostam de fazer parte da multidão, e que confiam em estranhos. No entanto, podem ser ingênuos.

  •  Yearner (13%): Pessoas que dormem de lado com ambos os braços para fora na frente, é provável que tenham uma natureza aberta, mas podem ser desconfiados, cínicos. Eles são lentos para se decidir, mas depois de terem tomado uma decisão, é pouco provável que possam mudar isso.

  •  Soldier (8%): Deitado de costas com os braços fixados para os lados. Pessoas que dormem nesta posição são geralmente tranquilos e reservados. Eles não gostam de barulho, mas definir-se a outros padrões elevados.

  •  Freefaller (7%): Deitado de frente com as mãos ao redor do travesseiro, e sua cabeça virada para o lado. São as pessoas muitas vezes gregárias e impetuosas, mas podem ser nervosas e finas.

  •  Starfish (5%): Deitado de costas com os braços ao redor do travesseiro. Estas travessas fazer bons amigos, porque eles estão sempre prontos a ouvir os outros, e oferecer ajuda quando necessário. Eles geralmente não gostam de ser o centro das atenções.O restante das pessoas na pesquisa disse que a posição que adormeceu variadas ou não sabia.  (Fonte BBC News)


  • Estou ouvindo Roberta Sá





    Castelos de Papel (Castillos de Cartón)


    Assisti, gostei e recomendo.

    A fantasia que povoa a mente de muitas mulheres.

    Um filme delicado e sensual que mostra que o amor tem várias formas, e o ser humano, apesar de tentar muitas delas, quer mesmo simples e somente, poder amar e ser amado.
    Amizade, amor, desejo, arte.
    Três jovens estudantes de arte buscando sentido para a vida, o amor, a paixão e a resposta através de sua arte.
    Dois homens, uma mulher e uma cama enorme.



    Recebido por e-mail - Alma Gêmea

    Encontro-me num período de grande calma interior, o mar das emoções está calmo, consegui relaxar bastante no momento em que pedi ajuda e entreguei toda a responsabilidade ao Universo, que estas palavras soem como um mantra: "A partir deste momento meu coração e minha mente estão somente a serviço da Luz". Não tem segredo, somente manifestei o desejo de fazer parte desta corrente que quer transmitir/receber amor, beleza, paz, serenidade e reafirmar sem parar o conceito de Unicidade na Unidade; de lembrar que somos parte importante, indispensável do Todo, de tudo que existe em muitos planos e reinos; indivíduos imortais, carregando por todo o sempre a Divindade no coração. Sei que reproduzo freqüentemente estes conceitos. Na realidade, sinto que precisamos lembrar-nos deles com carinho, com perseverança e determinação, sem que tantos chamarizes, apelos, ruídos intensos e permanentes do mundo exterior interfiram em nossa sintonia, em nossa capacidade de mantermos alinhado o centro interno, assim como a conexão sutil, mesmo nas condições mais desfavoráveis e complicadas de nossa existência. É como se fosse indispensável repetir à exaustão um mantra sagrado, uma frase ou um pensamento que nos coloque e mantenha em um nível de realidade onde os sentimentos são os do amor incondicional e a vibração da Luz nos carrega suavemente, permitindo-nos agir de forma iluminada, abençoada em qualquer situação que se nos apresente, seja em casa, no trabalho, em nossos relacionamentos, sempre. Esta capacidade de lidar de forma positiva e consciente com tudo que planejamos e realizamos faz toda a diferença; a atmosfera à nossa volta clareia, transforma-se, afetando positivamente o ambiente, transformando-o em um recanto onde a harmonia, a paz e a criatividade encontram sua morada. Conseguimos sentir em nosso peito algo que podemos chamar de bem-aventurança, paixão pela vida e fé, aquela profunda, sadia, sem culpas ou pecados originais, escorada em tantos episódios, fatos e experiências de vida que hoje nos balizam, esclarecem, sustentam, deixando claro que somos responsáveis por nosso plantio e colheita, os únicos donos de nossa vida e nos dando ainda a clara percepção de que tudo que importa já está à nossa disposição e se encontra guardado em nosso interior. Não precisa buscar fora, tudo já nos foi entregue ao nascer; as ferramentas, os instrumentos e também a mestria específica para utilizar cada aparelho. Sim, este é mais um convite para continuarmos focados e confiantes, mesmo que “aparentemente”, as coisas não fluam ainda como desejaríamos. Se conseguirmos silenciar nossa mente, observar e perceber a beleza e a perfeição da Criação, mantendo a vibração amorosa de Unidade, estaremos acima das perturbações da terceira dimensão, fortalecidos, livres, entrelaçados energeticamente com a Fonte que nos alimenta o corpo emocional, o mental, o espiritual e, consequentemente, o físico. Está tudo em nossas mãos... sempre esteve. Precisamos lembrar que é preciso e é bom demais abrir nossa caixa de ferramentas da Luz. Sempre que for necessário ou sentirmos vontade. Às vezes é suficiente colocar o foco em nossa respiração; procurando realizar ciclos mais demorados, mais profundos, segurando o ar, utilizando toda nossa capacidade pulmonar empregando o diafragma, o abdômen, algo simples e muito relaxante que pode fazer uma grande diferença em nosso dia-a-dia. Para aliviar o fardo, enviar energia de cura à distância, perdoar e pedir perdão. Utilizo a apometria, que também entrou pra valer em minha vida e agora é como o ar que respiro: indispensável. É o Universo em ação direta que responde e atua quando o "Sinto muito, te amo, sou grato", finalmente é proferido e dirigido ao destino correto. Existem muitas, muitíssimas outras formas de saltar para um estado de conforto imediato; é difícil de entender como seja possível esquecer ou deixar de lado algo tão bom e tão simples que o Universo coloca literalmente em nossas mãos. Estamos todos a serviço da Luz, basta reconhecermos isso, aceitando que os Guias atuem através de nós com seus raios, suas cores, seus dons e faculdades. Para facilitar a parceria, no entanto, é indispensável sermos autênticos, coerentes, conscientes daquilo que somos na realidade. Não importa quantas fraquezas ou falhas nossa personalidade ainda manifeste se aplicarmos em nossa vida as leis naturais, os valores reais, perenes. Se o coração for puro conseguiremos crescer e influenciar ainda a vida de tantos que entrarem em contato conosco, inspirando-os de forma suave e duradoura, mesmo eles se encontrando nas atividades mais mundanas. E finalmente... o que tudo isso tem a ver com a questão da Alma Gêmea? Simplesmente tudo! O que está escrito até aqui sobre precisarmos evoluir mais e mais, deixando para trás características problemáticas de nossa personalidade, aliviando o fardo, perdoando, libertando grilhões que aprisionam sentimentos verdadeiros e nos mantinham na infelicidade, é a chave para encontrar -ou reconhecer-, a alma companheira. Os Guias lembram que somente estando abertos, com a mente em paz e o coração sereno, livres de posse, de egoísmo, de preconceitos e turbamentos, manifestando aquele amor incondicional sublime, altruísta, que irradia luz, que atrai, aconchega, ajuda e ampara outros seres, somente então estaremos aptos a chamar, encontrar, reconhecer e viver por fim em harmonia com o ser magnífico que está nos esperando. Só isso. E tudo isso! Um prêmio do Universo? Sim. Milagre? A própria vida é um milagre em si. Então, vamos fazer nossa lição de casa? Que tal melhorar um pouco a cada dia, limar as arestas de nossa personalidade, alimentar de Luz a nossa alma, aliviar nosso coração, viver em sintonia com a Fonte... Vamos amar e respeitar nosso próximo como a nós mesmos? Sempre, a cada passo, a cada palavra, a cada respiração? Este é o Caminho.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Apometria
    A Apometria - do prefixo grego apo (além de) e do radical metria (medida) - é definida como um conhecimento que se propõem a estudar aquilo que estaria além das formas de medida convencionais. O termo está associado a uma prática terapêutica alternativa, de natureza espiritualista, consistente no desdobramento e na dissociação dos múltiplos corpos de que seria constituído o ser humano, mediante uma seqüência de pulsos ou comandos energéticos mentais.


    A terapia foi introduzida no Brasil pelo farmacêutico e bioquímico porto-riquenho, Luis Rodrigues, que a chamava de "Hipnometria", e utilizava a técnica de contagem progressiva para obter o desdobramento anímico controlado. Na década de 1960, foi sistematizada pelo Médico José Lacerda de Azevedo (1919-1997), no Hospital Espírita de Porto Alegre, que lhe trocou o nome para "Apometria".

    A terapia serve para ajudar na cura de problemas de comportamento que afligem as pessoas. Ou seja, pode haver um desequilíbrio espiritual ou emocional que chega até o corpo e aparece como forma indesejada de comportamento ou como doença. Sua ação fundamenta-se na existência de desdobramentos de personalidade, adquiridas nesta encarnação ou em nossas vidas passadas (outras encarnações). Os especialistas e estudiosos de apometria atuam gratuitamente em centros espíritas para fazer esta cura como intermediários entre o astral e o físico. Trabalham sobre estas diferentes reações de personalidade fazendo com que as perturbações sejam superadas pelas pessoas.
    De acordo com seus preceitos, é uma espécie de energia, direcionada pela atuação da força de vontade do condutor dos trabalhos, e impregnada de amor, canalizada na forma de "pulsos magnéticos" para tratar portadores de transtornos psicológicos, doenças genéticas de difícil resposta à terapêutica médica, ou consideradas incuráveis

    Livro que preciso ler: O Lobo da estepe, de Hermann Hesse


    Fui atrás deste livro por causa do Fernando Anitelli, vi numa entrevista. " Ele trata sobre a redenção, sobre a pluralidade do ser, que o homem não é só o homem ou lobo. Na verdade nós não somos um em um milhão, somos um milhão em um. Então, quem é o personagem que vamos escolher para reger o nosso cotidiano, o nosso dia a dia, é esta a sacada."
    Quando vi algumas resenhas, percebi o quanto quero ler este livro! O quanto é essencial para mim, principalmente neste momento.
    Entre todas que encontrei, esta resenha abaixo foi a que mais gostei, por isso resolvi colocar aqui.
    A pluralidade do ser é um assunto que me interessa, basta ver o quanto eu mesma me confronto o tempo todo com as minhas outras. Vivo buscando de alguma forma uma convivência pacífica, onde elas se entendam e concordem entre si. Muitas vezes acontece de o desejo de uma ser a fraqueza de outra, é onde o conflito aparece. O desejo realizado ofende os princípios ou a sensibilidade de outra. E  as rédeas precisam ser tomadas por uma conciliadora, é muito boa a sensação de estar harmonizando tudo, é bom assumir as rédeas de seu próprio destino, da sua vida. Saber que as escolhas precisam ser conscientes. Escolher,  com amor, o que é bom e faz bem para o seu ser como um todo e não uma parte dele apenas.
    A literatura me ajuda, a arte, na verdade. Ela me proporciona outras formas de ver, outras referências, outras possibilidades, me faz sentir que não sou tão só quanto pareço, as vezes,  nas minhas mais profundas reflexões.
    Quem, no fim, consegue ser um só? Sem qualquer conflito? Coerente, sensato, sem se deliciar com algum deslize do seu lobo?

    O Lobo da estepe, de Hermann Hesse, é um livro que aborda a pluralidade do ser, e suas crises. Alem de uma alta critica a sociedade burguesa da época.
    Foi desse livro que Fernando Anitelli , o vocalista do Teatro Mágico, tirou o nome de suatroupe. Há um trecho no livro, onde o personagem Harry Haler está andando pela rua, em meio aos seus conflitos existenciais, e se depara com um letreiro no muro, que diz o seguinte: Esta noite, O TEATRO MAGICO.. entrada só para raros.. SÓ PA RA LOU COS!. E a partir daí, ele fica fascinado com isso, sempre querendo ver novamente esse letreiro, e conhecer o teatro magico.
    A personagem se encontra em profundo desespero, assombrado pelo lobo da estepe, sua outra alma que vive dentro dele. Até esse momento ele crê que só existam um ou duas almas dentro dele. Entretanto, quando ele recebe o livro "O tratado do lobo da estepe", que se refere a ele , e que demonstras uma teoria, de que não há apenas uma ou duas almas dentro de um ser, mas cem, duzentas...1000 almas.
    Algumas vezes o livro pode parecer deixar uma visão pessimista da capacidade da unidade do ser. Mas Herman Hesse , em nota de 1961 para uma reedição do romance, diz que não descarta no romance a esperança oculta de uma síntese transcendente, que integre o santo e o libertino, o que parece estar prefigurado na demonstração da unidade oculta das mil almas no capítulo final da obra. Por Guilherme Diogo Rodrigues












    Reticência (Fernando Anitelli)
    Quanta mudança alcança
    O nosso ser, posso ser assim, daqui a pouco não
    Quanta mudança alcança
    O nosso ser posso ser assim, daqui a pouco
    Se agregar não é segregar
    Se agora for, foi-se a hora
    Dispensar não é não pensar
    Se saciou foi-se embora
    Quanta mudança alcança
    O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não
    Quanta mudança alcança
    O nosso ser posso ser assim daqui a pouco
    Se lembrar não é celebrar...
    Dura - lhe a dor quando aflora
    Esquecer não é perdoar
    Se consagrou sangra agora
    Quanta mudança alcança
    O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não
    Quanta mudança alcança
    O nosso ser posso ser assim
    Tempo de dá colo, tempo de decolar
    Tempo de dá colo, tempo de decolar
    O que há é o que é e o que será
    (nascerá, nascerá...)
    Tempo de dá colo, tempo de decolar
    Tempo de dá colo, tempo de decolar
    O que há é o que é e o que será
    (nascerá, nascerá...)
    Reciclar a palavra, o telhado e o porão...
    Reinventar tantas outras notas musicais...
    Escrever o pretexto, o prefácio e o refrão...
    Ser essência... Muito mais...
    Ser essência... Muito mais...
    A porta aberta, o porto acaso, o caos, o cais...
    Se lembrar de celebrar muito mais...
    Se lembrar de celebrar muito mais...
    Se lembrar de celebrar muito mais...

    Se ela fosse um animal, qual seria?

    Eu não lembro como chama este jogo, me fez lembrar aqueles cadernos de perguntas da minha adolescência.
    Quem foi adolescente nos anos 80 deve lembrar, era um caderno com perguntas sobre você em todas as páginas, ele passava pelas mãos dos seus amigos que escreviam ali como te viam, o que achavam de você.
    De volta ao jogo. Estávamos na mesa de um bar, depois do enterro do pai de um amigo, já tínhamos almoçado e o sono estava começando a bater, depois de uma madrugada no velório. Não queríamos ir embora porque já fazia tempo que não estávamos todos juntos. Nestas ocasiões todo mundo dá um jeito na agenda para dar o apoio, um abraço em alguém querido, um consolo, ainda bem que somos assim!
    Ah o jogo! Uma das pessoas fecha os olhos, as outras escolhem alguém e a pessoa que estava de olhos fechados, tenta, através de perguntas, descobrir quem é a pessoa escolhida. Tipo assim: Se ela fosse um animal, qual animal seria? Se ela fosse um horário, qual seria? Se ela fosse uma parte do corpo, qual seria? Se ela fosse uma música, qual seria? E assim vai.
    A melhor parte, para mim, é que  você recebe dos seus amigos, de uma forma descontraida, a percepção que eles teem de você.
    Notei que os meus amigos percebem em mim características coerentes e muito parecidas, em alguns momentos até iguais. Pessoas diferentes, totalmente diferentes que me enxergam da mesma forma.
    Foi muito interessante. Mais uma vez tenho que agradecer ao meu amigo, este que propôs o jogo. O mesmo que me ensinou a usar o grill, a pedir maionese a parte, a colocar pimenta em tudo, a gostar de Clarice, a não ter medo de quarto escuro, a ouvir ... (ele tem tentado) e tantas outras coisas que nem dá para classificar, mas ele sabe que eu sei que foi ele. Está sendo, na verdade.
    Obrigada amore mio!

    A comida tem este poder

    Inspirada pelo post do Flávio lá do Arguta Café resolvi cozinhar para mim.
    Fazia algum tempo já. Eu adoro cozinhar, só não vejo graça em cozinhar para mim somente, melhor, não via ... Isso de cozinhar para muita gente é herança familiar, aprendi a cozinhar para seis pessoas. Cozinhar para mim somente, passou a ser um carinho de mim para mim mesma.
    Em homenagem a minha mama, esta semana vou cozinhar e farei todos os pratos dela que eu mais gosto.
    1o Franguinho dourado no açucar e cebola
    2o Panquecas
    3o Lazanha de beringela
    4o Pimentão recheado
    5o e 6o Estes ainda decidi, estou numa dúvida cruel. Conto depois se decidir.

    Uma boa comida, feita com amor, acaricia qualquer alma.

    Pensamento emprestado de hoje

    "Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas... Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia"
    F. Nietzsche



    Estive este fim de semana com pessoas muito especiais na minha vida, pessoas que eu amo, aquelas que fazem a sua vida mais brilhante, mais alegre e mais bem vivida.
    Ter amigos é o melhor presente que a gente mesmo se dá. Afinal amizade é coisa cultivada, ela pode nascer de um sorriso, um gesto, mas somente permanece verdadeiramente, se houverem atitudes que demonstrem este desejo.


    Eu estou feliz, muito feliz, não porque minha vida seja perfeita, mas porque aprendi a olhar além de sua imperfeição.
    E se hoje não tem nela aquilo que ainda falta é porque o tempo, e eu mesma, não somos os certos agora.

    Eu e minha Mãe

    Domingo é dias das Mães e isso me deixou pensando a semana toda na minha.
    Minha mãe é uma pessoa singular, diferente das outras mães, e eu, por isso, exercitei desde muito cedo, a não julgá-la.
    A minha terapeuta me disse um dia, que a figura de pai e mãe é um mito. Pesquisando sobre "mito" encontrei uma obra muito interessante do Levi-Strauss "Mito e Significado"

    Cada um de nós é uma espécie de encruzilhada onde acontecem coisas. As encruzilhadas são puramente passivas; há algo que acontece neste lugar. Outras coisas igualmente válidas acontecem em outros pontos. Não há opção: é uma questão de probabilidades.
     Eu entendo que o papel de Mãe é muito especial, mas o fato é que uma mulher que passa a ser mãe é antes de qualquer coisa um ser humano, uma pessoa, uma mulher e depois Mãe.
    Algumas mulheres tem a capacidade de se tornarem exclusivamente Mães e deixam de lado todas as outras coisas. Eu confesso que admiro estas mulheres.
    Eu não sou mãe, não posso dizer como serei, e se serei uma. Posso dizer que sou uma observadora e filha e é com este olhar que posso refletir.
    A minha Mãe e eu tivemos muitos tipos de relações no decorrer de nossas vidas até aqui e é possível que tenhamos outros, mas não me resta a menor dúvida de que ela me ama com todas as forças de que é capaz.
    Eu passei a infância achando que ela não gostava de mim, havia uma diferença no tratamento que ela tinha comigo em relação aos meus irmãos, coisa confirmada mais tarde pela minha avó, mãe dela.
    Eu nunca precisei fazer terapia por causa disso, meus problemas foram outros. Quando eu tive a oportunidade de sair de casa para estudar, na época com 16 anos e morando no interior, ela me deu a maior força. A princípio eu achei que ela queria se livrar de mim, coisa de uma cabeça adolescente. Depois, quando eu já estava a meses sem visitar meus pais, tive a real idéia sobre o que foi aquilo.
    A minha mãe teve muitos sonhos não realizados. Ela sonhou em ser independente, em viajar o mundo, mas  casou muito cedo. Ela sonhou com um casamento de princesa que não foi possível. E quando esposa, sonhou em ter uma vida cheia de regalias que não teve. Uma pessoa que teve uma infância difícil, com referencias de afeto bem complicadas.
    Eu acho que ela se saiu o melhor que pôde, mas o mito de que ser mãe é ser toda a dedicação do mundo, isso ela não foi.
    Ela não queria que eu passasse por tudo que ela passou e não tivesse acesso a tudo que ela sonhou. Ela queria para mim o melhor de tudo e para ela o melhor era tudo que ela não teve. Tem coisa mais Mãe do que isso?
    Foi com ela que aprendi que as pessoas tem formas muito diferentes de amar e que referencias de afeto podem determinar sua forma de se relacionar por toda a vida, se você não se conhecer, não se perceber e não ir atrás de outras formas de conhecimento, de referencias.
    Eu fui embora da casa dos meus pais cheia de mágoas, e mágoa precisa de perdão para sarar.
    Hoje eu ouvi uma coisa sobre isso. "Perdão pressupões mágoa, se você não magoou ou não se magoou não há necessidade de perdão". Mas eu precisava muito deste perdão, o perdão dela, por julga-la por tanto tempo como uma mãe que não me amava e o meu perdão por mim mesma e por ela.
    Ela é minha Mãe, me gerou, me alimentou, cuidou de mim quando estive doente, acordou muitas noites com meu sonambulismo infantil, enfim fez tudo que era preciso para ser uma mãe zelosa com seus filhos.
    Embora fosse mãe, nunca esqueceu que era mulher e uma mulher bem ciumenta do meu pai.
    Foi ai que nós nos esbarramos. Eu e meu pai sempre fomos muito ligados, desde muito criança. Eu fui a Xodó do papai e isso incomodava a minha mãe de uma tal forma que ela não conseguia disfarçar, nunca conseguiu, na verdade. Isso só passou depois que eu sai de casa.
    A minha avó me contou recentemente que quando eu tinha uns 7 anos eu perguntei pra ela "Vovó porque a minha mãe não gosta de mim?" E a minha avó respondeu o que ela diz até hoje: A sua mãe é assim mesmo, sempre foi esquisita, mas é claro que ela gosta de você.
    Conseguir da minha mãe uma demonstração de afeto não é coisa muito fácil, mas eu já vi muitas vezes. Na verdade vejo isso toda vez que vou visitá-la. Hoje eu vejo nos seus olhos o quanto ela me ama, o quanto deseja para mim o melhor que a vida puder me dar. Vi o quanto ela se preocupa todas as vezes que apareci com alguém depois que me separei, mas também vi quando disse que iria me casar.
    A minha mãe ama na calada da madrugada, depois que todos foram dormir, nas orações para cada filho, nas suas intuições (que são infalíveis) e nos toques que ela nos dá sobre alguém em quem confiamos que mais cedo ou mais tarde nos decepciona.
    Ela não é do tipo que ficava acordada me esperando chegar, quem fazia isso era o meu pai, minha mãe sempre confiou na sua intuição. Então, se sentia que estava tudo bem, ela dormia.
    Ela diz que quando alguma coisa de ruim está para acontecer com qualquer um de nós, ela sente e se prepara e prepara tudo. Ela é forte, é calma, mas por trás da primeira impressão, está lá bem no fundo, uma mulher que sonha e que é muito sensível, tão sensível que se mostra durona para quem ninguém saiba.
    Eu me vejo como ela muitas vezes, acho até que, fisicamente estou ficando parecida com ela. É muito estranho, porque sempre fui a filha mais parecida com a família do meu pai. Genética, vai entender.
    Por motivos maiores não estarei com a minha mãe neste dias das Mães, mas gostaria de deixar aqui, onde deixo tudo gravado, o meu imenso amor por ela. Desejo que ela seja muito feliz, desejo que realize todos os seus sonhos e desejo muito que um dia eu possa colaborar com algumas destas realizações. Desejo que a vida seja generosa com ela.
    Feliz dia das Mães para todas as mamães, que elas tenham a luz da sabedoria para ajudá-las sempre que for preciso.

    Fernanda Porto - Voce e Eu



    Esta música é linda, para mim, claro. Adoro músicas que tem vários instrumentos em sua composição, principalmente quando tem violinos.

    Vai um pensamento, claro, se não, não seria Paulinha...

    Tem pessoas que nos levam para longe de nós mesmos. É preciso não se perder no caminho.
    No final mesmo que o ponto de chegada seja o mesmo, se você se perder de si mesmo nem perceberá que o percurso chegou ao fim.
    Mas se a estrada estiver errada tanto faz, qualquer detalhe na paisagem pode te distrair de tomar a decisão de voltar para o melhor caminho.
    Utilizo aqui a frase de uma pessoa muito querida. Em meio a conversas sobre não se achar a saída:  "Quando a estrada está errada não adianta se preocupar com a bifurcação."

    Um desencontro, com certeza

    Este artigo abaixo é da Renata Rode, achei que tem a ver e complementa o artigo anterior.
    De minha parte, particularmente, é fundamental se conhecer e saber o que se quer e o que não se quer.
    Repito aqui outro post que fiz a alguns dias.

    "Não quero mais usar o meu corpo ou as emoções de outra pessoa como uma forma de satisfazer meus próprios anseios não-realizados. Virar gente grande não é fácil, mas é preciso ser responsável e consequente." Afinal, bom senso e canja de galinha não faz mal a ninguem.

    Espero que você goste do artigo Custódio

    A mulher está mais criteriosa no amor devido ao aumento do conhecimento de sua autossuficiência. A solidão não humilha mais", diz psicóloga

    É cada vez mais comum ver uma amiga que namora dizer para a solteira: “Você está sem ninguém porque é muito exigente”. Será que esse é mesmo o único inimigo do cupido e, se for, quais os motivos para tanto rigor no setor da paixão? Segundo a psicóloga Neiva Bohnenberger, o que torna as mulheres cada vez mais criteriosas no amor é o aumento do conhecimento de sua autossuficiência. “Elas aprenderam a buscar a gratificação em coisas que não dependem dos homens e, principalmente, aprenderam a tirar prazer do seu trabalho. A solidão não humilha mais”, diz Neiva.

    Quem endossa essa opinião é a guia de turismo Soraia Timm, 45 anos. Ela está separada há 15 anos e não pensa em se casar de novo tão cedo: “Eu cheguei a um estágio de ‘iluminação’ tão grande que o mesmo prazer ao sair com um namorado sinto ao jantar com minhas amigas ou ao assistir a um bom filme em casa com minha gatinha. Antes, os homens eram o centro do meu universo, e eu só me dei mal com isso; agora eles são um dos planetas, em mesmo grau de importância de minhas amigas, meu trabalho, minha vida cultural. Portanto, se existe uma exigência, é no sentido de encontrar um homem que evolua junto comigo. Um que atrapalhe essa evolução eu não quero, não, obrigada”.
    Eles se defendem
    "Nós estamos tentando acompanhar a evolução feminina e ficamos um pouco perdidos, sim, porque as mulheres exigem tudo do homem ao mesmo tempo. Elas querem um companheiro que adore ir ao shopping, mas, para isso, podem chamar um amigo. Quando elas pedem um protetor, confundem a imagem do companheiro com a do pai. Elas querem o homem mais que perfeito, e isso não existe", diz Marcelo Vitorino, autor do blog “Pergunte ao Urso” (www.pergunteaourso.com.br) e do livro homônimo lançado pela Matrix Editora.

    A escritora Stella Florence, 46 anos, que acaba de lançar o livro “32 – anos, homens, tatuagens” (Editora Rocco), com experiências baseadas num site de relacionamento, concorda com Marcelo Vitorino no sentido de concluir que os homens estão bem mais simples do que as mulheres. “Acho que eles se contentam com bem menos do que nós. Para eles, se a mulher for atenciosa, gostar de transar e não ficar cobrando coisas o tempo inteiro, já está ótimo. Já as mulheres estão sempre procurando mais, são mais complexas, querem se melhorar e melhorar tudo, inclusive seus desejos. Aí começa o desencontro”, afirma.

    Infelizmente, nem todo mundo está numa boa assim, como é o caso de C.A, 42 anos, divorciada e sem namorado há meses. "Estou até cansando um pouco de procurar um companheiro e me sinto frustrada. Não acho que eu seja exigente demais; pelo contrário, por carência já levei alguns relacionamentos, mas acho que os homens não querem compromisso de jeito nenhum, e eu não consigo me adaptar a essa historinha de fazer sexo sem amor. Então, fica complicado", conta.

    Relacionamentos descartáveis

    Para o mestre em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo), André Camargo Costa, o maior problema do desencontro nas relações não é a exigência, e sim a era dos amores líquidos. Seu pensamento vai ao encontro ao do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, expert neste assunto e autor do livro “Amores Líquidos” (Editora Jorge Zahar), que acredita que os relacionamentos se tornaram cada vez mais descartáveis. Segundo sua teoria, a disponibilidade, de modo geral, para negociar os impulsos, investir em projetos de longo prazo e tolerar os pré-requisitos que garantiriam um relacionamento duradouro estão cada vez mais em extinção, e as pessoas acabam se machucando mais, preferindo não arriscar novas empreitadas no amor.

    Vendo o desabafo do empresário H.Y., 33 anos, de São Paulo, sozinho há um ano, fica mesmo mais fácil de concordar. "Eu confesso que estou procurando uma garota para um relacionamento sério, mas me vi em uma saia justa. Gostava de uma moça com quem saía e queria algo mais quando ouvi dela que não queria se prender a ninguém porque se machucou muito no último relacionamento. Vai entender as mulheres... Uma amiga me disse que eu encanei porque ela não queria nada sério mesmo, mas não acho que seja isso", diz.
     
    RENATA RODE

    Mundo atual não favorece relações mais consistentes e duradouras


    Eu recebi este texto por e-mail, quando li, pensei: "Estou verdadeiramente em apuros!" 
    Embora pareça desanimador, eu ainda creio que pessoas que vibram na mesma energia se atraem e se encontram, mais cedo ou mais tarde, afinal, para tudo tem seu tempo certo. E, talvez, a gente precise encontrar gente muito errada para saber com toda a segurança, quando encontrar a certa.
    Quem não se contenta em viver múltiplos e fugazes relacionamentos e sonha em encontrar um parceiro de verdade, com o qual seja possível compartilhar a vida, com certeza está em apuros. O individualismo e a cultura das aparências transformaram o nosso tempo em um era de “amores líquidos”, passageiros, que não comportam o desenvolvimento da afeição sincera.

    Algumas pessoas a que atendo, além de outras que conheço - e que desmancharam namoros ou casamentos ou estão sozinhas há tempos -, me relatam uma queixa comum: não está fácil encontrar alguém para manter uma união consistente. De fato. O mundo atual produz pessoas bem-formadas, que cuidam da saúde, das roupas e das finanças, são viajadas e antenadas, porém com certa dificuldade de amar. Mas nem pensar que elas ficam sozinhas! Ao contrário, em nossa cultura do espetáculo e do entretenimento, não faltam lugares para se exibir e encontrar outras pessoas disponíveis - e carentes, pois sofrem do mesmo mal, não conseguindo se ligar afetivamente a ninguém. O resultado é a febre que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (82) denomina de "amores líquidos", caracterizados por vínculos frágeis,passageiros, sem maior envolvimento afetivo.

    Hoje se tem pressa, muitos estímulos são oferecidos e é preciso trabalhar demais para ter acesso às tantas possibilidades do mundo. Mas a pressa é inimiga do amor, que exige paciência, sabedoria e aplicação. Além disso, exige também certa modéstia em aceitar as próprias limitações e as alheias. Mas, como? Afinal, não nos sentimos fantásticos e arrogantes com tudo que estamos conseguindo nesta era globalizada, inclusive amores em cada capital, bairro ou boate, ao vivo ou via internet? Diante de tantas opções e beldades - e as pessoas hoje estão mais bonitas mesmo! -, como não se lembrar das amargas histórias dos amigos que terminaram o casamento jurando nunca mais se unir de novo, triunfantes em seu novo solteirismo; ou das próprias decepções e sofrimentos, bem como as de nossos pais ou parentes?

    "Carlos, sossegue" - diria o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) -, "o amor/ é isso que você está vendo:/ hoje beija, amanhã não beija,/(...) Inútil você resistir/ (...) O amor no escuro, não, no claro,/ é sempre triste, meu filho, Carlos." Não, o amor não é sempre triste. Isso garanto, com o devido respeito ao poeta. Mas também não é sempre alegre e divertido. O amor não salva ninguém da própria vida, dos problemas e limitações, ou das incoerências do próprio amor. Para amar, é preciso tolerar uma espécie de "retrocesso", uma recaída em relação à onipotência e megalomania do individualismo, que faz tudo parecer possível. Talvez por isso se diga, em inglês, que apaixonar-se é ter uma espécie de queda, um fall in love (queda no amor, literalmente); ou, em francês, tomber amoureux (cair de amor), como nos lembra o psicanalista Jean-Bertrand Pontalis, ainda interessado em falar do amor aos 83 anos!

    A "queda no amor" representa um avanço na profundidade e na consistência de um vínculo que valha a pena, enquanto a suposta liberdade líquida de hoje pode se converter em pesadelo: a vertigem do vazio, o sexo saciado e a alma depenada. Esta liberdade até vale para os jovens - talvez por isso, com certa razão, as pessoas estejam se casando mais tarde - e para aqueles que acabam de sair de uma relação prolongada e precisam de um intervalo para se distrair e brincar - o que é válido, desde que seja feito com ética. Mas quem está à procura de algo consistente não pode confundir quantidade com qualidade, pois há uma contradição entre a idealização do agito da vida atual e a expectativa de um amor. O amor é sempre singular, uma história única, que surge em recantos imprevistos. Não se encontra facilmente em qualquer agito explícito da modernidade líquida. Esta é boa demais para brincar, não tanto para encontrar o homem ou a mulher de sua vida.

    Paulo Sternick é psicanalista no Rio de Janeiro e em Teresópolis (RJ). 

    E-mail: psternick@rjnet.com.br

    Pensamento de hoje

    Não quero mais usar o meu corpo ou as emoções de outra pessoa como uma forma de satisfazer meus próprios anseios não-realizados. Virar gente grande não é fácil, mas é preciso ser responsável e consequente.
    Afinal, bom senso e canja de galinha não faz mal a ninguem.

    Um tempo para respirar

    Durante uma fase turbulenta, onde os pensamentos mudam de direção como um barco lançado ao mar  sem leme, é preciso saber a importância de se dar um tempo para respirar. Não estou falando do respirar do corpo. Estou me referindo ao respirar da alma, aquela que muitas vezes deixamos encoberta pelas camadas aparentes dos sorrisos encomendados.
    A nossa alma precisa respirar para nos ajudar a encontrar o caminho quando o coração e a razão entram em conflitos que não levam a nada, apenas guerras frias num desacordo sem fim.
    Hoje eu me sinto saindo de um nevoeiro asfixiante.
    Sinto como se minha alma tivesse saido de um mergulho profundo, onde o ar já tinha acabado e eu precisei morrer por alguns minutos para acordar do outro lado.
    Eu precisei de um tempo para respirar a alma e para que pudesse vê-la de frente novamente.
    Hoje eu posso me olhar no espelho e me ver completa, corpo, alma, coração e mente. Não podemos esquecer que somos tantos dentro de um só.
    Não podemos esquecer que ao nos deixarmos levar por um desses, os outros devem estar acordados sobre o caminho, para que não haja conflito, para que não possamos nos perder.
    Meu coração está leve e depois de alguns dias de tempestade posso contemplar um lindo arco-iris.
    A vida é um aprendizado incessante, mas é tão deliciosa que me faz lembrar o jardim da infância, uma escola de brincar, mas de brincar de coisa séria.
    No fim pode ser isso mesmo, porque me sinto tão criança e tão boba nos meus grandes problemas depois que eles passam, que me fazem até cócegas.
    Um céu azul de um dia ensolarado enche meu coração de risadas de crianças hoje e no fim eu estou lá com elas, tão criança como qualquer uma.