Eu estive na exposição "Cuide de você" da Sophie Calle e fiquei com vontade de brincar disso.
A proposta é:
Leia o texto abaixo e imagine que foi escrito para você. Você o recebeu depois de alguns meses de relacionamento e por e-mail.
Depois de ler, dê sua opinião, sua interpretação, ou simplesmente tenha a ousadia de revelar qual seria sua reação ao receber. Enjoy it.
Sophie,
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último email. Ao mesmo tempo, me parecia melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz.
Mas pelo menos será por escrito.
Como você pode ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a "quarta". Eu mantive o meu compromisso: Há meses deixei de ver as "outras", não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.
Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar novos horizontes e me impede de ser tranqüilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e "generoso", se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu "desassossego" se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as "outras". E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando.
Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que está imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,...)e compreensível (obviamente...); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante de sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de aprender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita.
Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.
Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.
X
Explicação: Ser a "quarta" significa "ser mais uma dentre outras"
Este é o e-mail que deu origem a exposição, na íntegra.
Eu estive lá e quero voltar para assistir a mais videos. As fotos são belíssimas, os textos interessantes e a diversidade de interpretações sobre o mesmo acontecimento é no mínimo intrigante.
A exposição ficará em cartaz em São Paulo, no Sesc Pompéia até setembro.
Mais detalhes acesse http://www.sophiecalle.com.br/
Edna O'Brien, Sophie Calle, Gay Talese, Catherine Millet, encerrando
Este não é um blog de literatura, nem eu tenho a pretensão de fazer uma cobertura completa da Festa Literária de Paraty. Acho que existem outras pessoas e blogs com maior competência para isso.
Minha intenção aqui é apenas deixar as minhas impressões sobre a festa que estive pela primeira vez para que eu mesma não esqueça mais. Afinal a minha memória esta cada vez mais traiçoeira.
Tivemos a oportunidade de conhecer o universo de muitos autores. Eu queria mesmo fazer um post para cada um deles, mas não estou tendo tempo e as informações estão sumindo da minha memória dia após dia. Então resolvi fazer um apanhado de todos que mais gostei ou ouvi falar de uma forma interessante.
Minha impressãogeral, foi que muitas mesas tratavam de um assunto bastante popular "relacionamento".
Formas novas, tão novas de se relacionar que quase chocam, ou chocam realmente. Pessoas com um pouco a mais de coragem para sair do convencional e ousar. Alguns sucessos, alguns fracassos e no fim, me pareceu, muita inspiraçao para escrever. Relacionamento ainda é um dos combustíveis mais eficazes para a arte.
Edna O'Brien tratou com franqueza da sexualidade em seu livro. Country Girls, foi escrito de forma passional, entre sentimentos de perda, de amor, sem desconsiderar a necessidade de alguma luta diante do confronto entre a literatura e a aceitação dela.
Ela falou de sexo em seu livro, de saudade de sua terra natal, a Irlanda, falou de sua mãe também, ou seja, assuntos de conflito do ser humano.
Gay Talese em meio a sua palestra propriamente dita, se emocionou ao falar da filha e admitiu que humilhou a esposa publicamente com seu livro, mas que apesar disso ela continuou com ele.
"Se acabei com casamentos? O meu mesmo não acabou, e eu era a vítima mais imediata. Este ano eu e Nan completamos nosso 42º aniversário. Os casamentos não duram por várias razões, mas uma das razões pelas quais tantas pessoas se divorciam é que eles acham que a ‘felicidade’ é a prioridade suprema, enquanto a felicidade de verdade (como romance, sexo, ou ganhar na loteria) é encarada como alegria de curta duração.
Assuntos muito mais sólidos mantém casais juntos, e a grande qualidade pode ser resumida em uma palavra: respeito. Nada é mais importante do que isso."
Mesa de Shophie Calle e Grégoire Bouillier (o casal com contas acertadas)
Sophie conta que quando recebeu o email de Grégoire não entendeu bem se aquilo era realmente uma ruptura. Sem saber como responder, ela pediu a 107 mulheres de profissões diferentes que interpretassem o texto para ela. Com isso fez uma exposição que viaja o mundo. De um limão fez uma limonada, segundo ela própria.
E porque não foi falar com ele? Porque não saberia o que dizer a ele. “E o projeto artístico passou a me interessar mais, mas se eu fosse falar com ele, teria preferido a história de amor. E abriria mão do projeto.”
Grégoire é chamado a dizer que se concorda com a versão de Sophie sobre o fim dessa história de amor. Talvez seja importante lembrar que o direito fundamental de alguém é amar e deixar de amar.
Na minha visão lavaram a roupa suja da forma mais elegante possível dentro da anormalidade dos dois.
Catherine Millet, ela foi um assombro positivo.
A escritora e crítica de arte francesa de Catherine Millet, autora do livro 'A vida sexual de Catherine M.', em que contava em detalhes sua vida de 'serial lover'. Na mesa 'As sem-razões do amor', com a participação de Maria Rita Kehl, fala sobre sexualidade e a crise de ciúmes do marido, com quem vive um relacionamento aberto, e que rendeu o livro 'A outra vida de Catherine M.'.
Confesso até que me identifiquei com ela em muitos momentos. Não, eu não sai por ai fazendo sexo com desconhecidos. E não, eu não invadiria o espaço do meu companheiro da forma como ela fez.
Eu me identifiquei com as profundezas do seu ser, vai além dos livros, além das experiências, é o que, na verdade, a levou a fazer tudo isso.
“Escrevo para me livrar de mim mesma.”
“Era um paradoxo: eu e Jacques tínhamos um casamento aberto e eu sabia que ele tinha muitas amantes. Mas a possibilidade de que ele sentisse algo por aquela mulher me transtornou.”
Ela disse que saiu da crise de ciúme ao perceber que estava sentindo prazer com aquilo e quando se descobriu, ao contar casualmente sua situação a um taxista, pertencente à “comunidade das mulheres traídas pelo marido”. Segundo ela, o lugar-comum ajudou a lhe dar alívio. “Mas sempre precisamos de algo mais. Por isso, uso a literatura, para me distanciar do que vivi e me olhar de fora”. "A brutalidade com que o sofrimento me atingiu foi paralisante por alguns momentos"
"Eu procuro sensações precisas. Eu fecho os olhos tentando reencontrar as sensações para escrever"
"Encontrar a palavra certa para descrever essa sensação"
"A eterna busca da cura pela escrita, eu acredito que podemos melhorar, mas curar-se não."
"Eu perco a memória inicial, eu só lembro das coisas pelos elementos que descrevi"
"Depois que eu escrevi eu me livrei delas"
" A cautela, a permanência longe, a valorização extrema (ou a falta total de valor) sexual, é na verdade o cuidado com uma fragilidade imensamente irremediável e intransponivel.
"Esse trato com luvas de pelica sobre o amor"
Minha intenção aqui é apenas deixar as minhas impressões sobre a festa que estive pela primeira vez para que eu mesma não esqueça mais. Afinal a minha memória esta cada vez mais traiçoeira.
Tivemos a oportunidade de conhecer o universo de muitos autores. Eu queria mesmo fazer um post para cada um deles, mas não estou tendo tempo e as informações estão sumindo da minha memória dia após dia. Então resolvi fazer um apanhado de todos que mais gostei ou ouvi falar de uma forma interessante.
Minha impressãogeral, foi que muitas mesas tratavam de um assunto bastante popular "relacionamento".
Formas novas, tão novas de se relacionar que quase chocam, ou chocam realmente. Pessoas com um pouco a mais de coragem para sair do convencional e ousar. Alguns sucessos, alguns fracassos e no fim, me pareceu, muita inspiraçao para escrever. Relacionamento ainda é um dos combustíveis mais eficazes para a arte.
Edna O'Brien tratou com franqueza da sexualidade em seu livro. Country Girls, foi escrito de forma passional, entre sentimentos de perda, de amor, sem desconsiderar a necessidade de alguma luta diante do confronto entre a literatura e a aceitação dela.
Ela falou de sexo em seu livro, de saudade de sua terra natal, a Irlanda, falou de sua mãe também, ou seja, assuntos de conflito do ser humano.
Gay Talese em meio a sua palestra propriamente dita, se emocionou ao falar da filha e admitiu que humilhou a esposa publicamente com seu livro, mas que apesar disso ela continuou com ele.
"Se acabei com casamentos? O meu mesmo não acabou, e eu era a vítima mais imediata. Este ano eu e Nan completamos nosso 42º aniversário. Os casamentos não duram por várias razões, mas uma das razões pelas quais tantas pessoas se divorciam é que eles acham que a ‘felicidade’ é a prioridade suprema, enquanto a felicidade de verdade (como romance, sexo, ou ganhar na loteria) é encarada como alegria de curta duração.
Assuntos muito mais sólidos mantém casais juntos, e a grande qualidade pode ser resumida em uma palavra: respeito. Nada é mais importante do que isso."
Mesa de Shophie Calle e Grégoire Bouillier (o casal com contas acertadas)
Sophie conta que quando recebeu o email de Grégoire não entendeu bem se aquilo era realmente uma ruptura. Sem saber como responder, ela pediu a 107 mulheres de profissões diferentes que interpretassem o texto para ela. Com isso fez uma exposição que viaja o mundo. De um limão fez uma limonada, segundo ela própria.
E porque não foi falar com ele? Porque não saberia o que dizer a ele. “E o projeto artístico passou a me interessar mais, mas se eu fosse falar com ele, teria preferido a história de amor. E abriria mão do projeto.”
Grégoire é chamado a dizer que se concorda com a versão de Sophie sobre o fim dessa história de amor. Talvez seja importante lembrar que o direito fundamental de alguém é amar e deixar de amar.
Na minha visão lavaram a roupa suja da forma mais elegante possível dentro da anormalidade dos dois.
Catherine Millet, ela foi um assombro positivo.
A escritora e crítica de arte francesa de Catherine Millet, autora do livro 'A vida sexual de Catherine M.', em que contava em detalhes sua vida de 'serial lover'. Na mesa 'As sem-razões do amor', com a participação de Maria Rita Kehl, fala sobre sexualidade e a crise de ciúmes do marido, com quem vive um relacionamento aberto, e que rendeu o livro 'A outra vida de Catherine M.'.
Confesso até que me identifiquei com ela em muitos momentos. Não, eu não sai por ai fazendo sexo com desconhecidos. E não, eu não invadiria o espaço do meu companheiro da forma como ela fez.
Eu me identifiquei com as profundezas do seu ser, vai além dos livros, além das experiências, é o que, na verdade, a levou a fazer tudo isso.
“Escrevo para me livrar de mim mesma.”
“Era um paradoxo: eu e Jacques tínhamos um casamento aberto e eu sabia que ele tinha muitas amantes. Mas a possibilidade de que ele sentisse algo por aquela mulher me transtornou.”
Ela disse que saiu da crise de ciúme ao perceber que estava sentindo prazer com aquilo e quando se descobriu, ao contar casualmente sua situação a um taxista, pertencente à “comunidade das mulheres traídas pelo marido”. Segundo ela, o lugar-comum ajudou a lhe dar alívio. “Mas sempre precisamos de algo mais. Por isso, uso a literatura, para me distanciar do que vivi e me olhar de fora”. "A brutalidade com que o sofrimento me atingiu foi paralisante por alguns momentos"
"Eu procuro sensações precisas. Eu fecho os olhos tentando reencontrar as sensações para escrever"
"Encontrar a palavra certa para descrever essa sensação"
"A eterna busca da cura pela escrita, eu acredito que podemos melhorar, mas curar-se não."
"Eu perco a memória inicial, eu só lembro das coisas pelos elementos que descrevi"
"Depois que eu escrevi eu me livrei delas"
" A cautela, a permanência longe, a valorização extrema (ou a falta total de valor) sexual, é na verdade o cuidado com uma fragilidade imensamente irremediável e intransponivel.
"Esse trato com luvas de pelica sobre o amor"
Richard Dawkins "Aproveite sua vida, ela é uma só"
Dono de um sorriso largo e argumentos claros, o biólogo britânico Richard Dawkins conquistou o público na FLIP 2009.
Dawkins, reconhecido ateu e humanista, lembrou sua recente participação em uma campanha a favor do ateísmo através de inscrições nos ônibus de Londres nas quais se podia ler "Deus provavelmente não existe. Então, pare de se preocupar e vá aproveitar sua vida".
Além de citar com frequência o bicentenário de Charles Darwin e os 150 anos de “A Origem das Espécies”,disse que este livro "é o mais importante da história, porque consegue resolver o maior mistério da vida: por que somos o que somos".
"É um livro que não foi devidamente reconhecido por causa da ignorância e porque a religião quer fornecer explicações preparadas para mentes mais ingênuas", acrescentou o cientista.
O cientista, como não podia deixar de ser, abordou também o nome da mesa, batizada como “Deus, um delírio” em razão de seu best-seller, que busca refutar a necessidade e o suposto bem imposto pela religião.
Ele também recebeu muitos aplausos ao pedir para que não doutrinassem as crianças, obrigando-as a escolherem uma religião.
O biólogo disse que doutrinar uma criança é um pecado moral. Para Dawkins, que escreveu uma carta aberta sobre isso à filha quando ela tinha 10 anos, é preciso crescer para decidir e estimular o pensamento crítico. No texto, o cientista argumenta que a única boa razão para acreditar em alguma coisa são evidências. “Não existe criança islâmica, protestante ou católica, mas sim uma criança com pais católicos, por exemplo.”
Dawkins defendeu como uma possibilidade a palavra inglesa "bright", cuja tradução literal seria brilhante ou inteligente, e que já é utilizada por algumas correntes do ateísmo.
"Acabo de retornar do Pantanal e fiquei deslumbrado com tanta beleza", disse Dawkins, acrescentando que, "se não conhecesse Darwin, ajoelharia e diria que isso é obra de Deus".
Um tema que especialmente tira Dawkins do sério é o criacionismo, teoria bíblica de que o mundo foi criado em seis dias, há seis mil anos (no lugar da estimativa de 4,6 bilhões), e que ainda é ensinada como verdade em algumas escolas. “Antropólogos dariam milhares de histórias de origem do mundo, recheadas com beleza poética muito maior do que a da bíblia. Ensinar algo assim é monstruosamente errado.” Mesmo assim, defendeu a validade da leitura da bíblia, como um modo de aprender história e aprender a origem de algumas expressões. “A bíblia é uma ótima literatura, assim com as lendas dos deuses gregos, elementos de nossa história cultural.”
Com relação à influência de Darwin na política e na sociedade, disse que é uma interpretação equivocada da teoria da seleção natural, segundo a qual os fortes devem vencer os fracos, sem qualquer piedade. Para Dawkins, é preciso aprender o darwinismo para evitar aplicá-lo em nossa vida. “Nós vamos contra a natureza, o que torna nossa espécie única. Nossos cérebros ficaram tão grandes que somos capazes de nos rebelar de nossa herança genética”, garantiu.
Em uma conversa que ainda debateu a origem da consciência e a contínua evolução do homem, o biólogo explicou que, na ausência de Deus, do ponto de vista científico o sentido da vida é a propagação do DNA. Por outro lado, disse que cada um cria seus próprios objetivos, seja compor uma música, jogar futebol ou cuidar bem dos filhos. “Se analisarmos as probabilidades, das chances de certo espermatozóide entrar em determinado óvulo e assim por diante, é incrível que estejamos aqui. Isso que faz nossa vida ser tão valorizada. Não a desperdice, ela é a única que você vai ter”, disse, enfático, aclamado pelo público.
Eu admiro uma pessoa que defende seu ponto de vista com paixão, argumentos claros, de forma inteligente, sagaz, e até bem humorada.
Eu não sou atéia, sequer agnóstica, acredito em Deus, não tenho qualquer dúvida quanto a sua existência, mas na minha particulariadade independente de religião.
Fé é isso, acreditar em algo que não se vê, apenas se sente.
Dawkins, reconhecido ateu e humanista, lembrou sua recente participação em uma campanha a favor do ateísmo através de inscrições nos ônibus de Londres nas quais se podia ler "Deus provavelmente não existe. Então, pare de se preocupar e vá aproveitar sua vida".
Além de citar com frequência o bicentenário de Charles Darwin e os 150 anos de “A Origem das Espécies”,disse que este livro "é o mais importante da história, porque consegue resolver o maior mistério da vida: por que somos o que somos".
"É um livro que não foi devidamente reconhecido por causa da ignorância e porque a religião quer fornecer explicações preparadas para mentes mais ingênuas", acrescentou o cientista.
O cientista, como não podia deixar de ser, abordou também o nome da mesa, batizada como “Deus, um delírio” em razão de seu best-seller, que busca refutar a necessidade e o suposto bem imposto pela religião.
Ele também recebeu muitos aplausos ao pedir para que não doutrinassem as crianças, obrigando-as a escolherem uma religião.
O biólogo disse que doutrinar uma criança é um pecado moral. Para Dawkins, que escreveu uma carta aberta sobre isso à filha quando ela tinha 10 anos, é preciso crescer para decidir e estimular o pensamento crítico. No texto, o cientista argumenta que a única boa razão para acreditar em alguma coisa são evidências. “Não existe criança islâmica, protestante ou católica, mas sim uma criança com pais católicos, por exemplo.”
Dawkins defendeu como uma possibilidade a palavra inglesa "bright", cuja tradução literal seria brilhante ou inteligente, e que já é utilizada por algumas correntes do ateísmo.
"Acabo de retornar do Pantanal e fiquei deslumbrado com tanta beleza", disse Dawkins, acrescentando que, "se não conhecesse Darwin, ajoelharia e diria que isso é obra de Deus".
Um tema que especialmente tira Dawkins do sério é o criacionismo, teoria bíblica de que o mundo foi criado em seis dias, há seis mil anos (no lugar da estimativa de 4,6 bilhões), e que ainda é ensinada como verdade em algumas escolas. “Antropólogos dariam milhares de histórias de origem do mundo, recheadas com beleza poética muito maior do que a da bíblia. Ensinar algo assim é monstruosamente errado.” Mesmo assim, defendeu a validade da leitura da bíblia, como um modo de aprender história e aprender a origem de algumas expressões. “A bíblia é uma ótima literatura, assim com as lendas dos deuses gregos, elementos de nossa história cultural.”
Com relação à influência de Darwin na política e na sociedade, disse que é uma interpretação equivocada da teoria da seleção natural, segundo a qual os fortes devem vencer os fracos, sem qualquer piedade. Para Dawkins, é preciso aprender o darwinismo para evitar aplicá-lo em nossa vida. “Nós vamos contra a natureza, o que torna nossa espécie única. Nossos cérebros ficaram tão grandes que somos capazes de nos rebelar de nossa herança genética”, garantiu.
Em uma conversa que ainda debateu a origem da consciência e a contínua evolução do homem, o biólogo explicou que, na ausência de Deus, do ponto de vista científico o sentido da vida é a propagação do DNA. Por outro lado, disse que cada um cria seus próprios objetivos, seja compor uma música, jogar futebol ou cuidar bem dos filhos. “Se analisarmos as probabilidades, das chances de certo espermatozóide entrar em determinado óvulo e assim por diante, é incrível que estejamos aqui. Isso que faz nossa vida ser tão valorizada. Não a desperdice, ela é a única que você vai ter”, disse, enfático, aclamado pelo público.
Eu admiro uma pessoa que defende seu ponto de vista com paixão, argumentos claros, de forma inteligente, sagaz, e até bem humorada.
Eu não sou atéia, sequer agnóstica, acredito em Deus, não tenho qualquer dúvida quanto a sua existência, mas na minha particulariadade independente de religião.
Fé é isso, acreditar em algo que não se vê, apenas se sente.
Lobo Antunes, foi um prazer!
Eu não conhecia, confesso sem a menor vergonha. Ir na FLIP me apresentou para autores que não conhecia tão intimamente.
O Lobo Antunes é de uma suavidade palpável.
A voz mansa, as palavras que utiliza, a forma que se expressa, ele é uma poesia delicada.
Os aplausos da platéia de pé foram mais do que merecidos. A forma doce com que agradeceu ao público mostra um ser humano genereso, humilde que me encantou.
A mesa dele foi recheada de bom humor, carisma, curiosidades sobre sua vida e relacionamento com escritores, editores, agentes. Falou com carinho e admiração de Jorge Amado e João Ubaldo. Ele contou de sua infãncia de forma alegre e engraçada. Falou muito de seu pai e avô
Transcrevo abaixo aguns trechos:
(O pai) — Ele lia poemas em voz alta, e o primeiro poeta que leu para nós foi Manuel Bandeira. Ele gostava de artes, e pouco antes de morrer disse que queria deixar para os filhos o amor das coisas belas. Era um escritor frustrado, tinha a sensibilidade, mas não os meios de se expressar.
— Escrever é um trabalho impossível, porque você está trabalhando com coisas intraduzíveis, anteriores às palavras, e todo o problema é como transformá-las em palavras — disse. — Nas duas primeiras horas, sua polícia política ainda está funcionando. Cansado, as coisas começam a sair de regiões que nem você conhece.
— Nos momentos mais felizes, parece que um anjo está escrevendo para você. Uma vez estava escrevendo e as lágrimas caiam. E eu não sou um homem de muitas lágrimas. Mas são momentos raros. Há alturas que você pensa: “eu não vou ser capaz, para que escrever?”. Só vale a pena escrever quando nos é inconcebível, porque ler dá muito mais prazer. O leitor tinha que vir na capa do livro, não o escritor. Um livro bom é aquele que só foi escrito para mim. Os outros exemplares dizem coisas diferentes.
Sobre a família
Eu tinha 12 anos. Meu avô me chamou e disse: “Ouvi dizer que você escreve versos. Você é viado?”
Meu pai não queria ter filhos, queria ter campeões de caratê. Tínhamos que ser os melhores em tudo.
Minha avó achava o alemão um bom idioma para falar com os cavalos.
Sobre literatura brasileira
Para mim, o grande poeta do século XX é Cabral (João Cabral de Mello Neto). Também gosto de Drummond
Com a prosa (brasileira) tenho uma relação mais difícil. Começo a ler, tenho vontade de corrigir.
Jorge Amado gostava de me abraçar, me beijar. Ele dizia: “Gosto de lamber minhas crias”.
Sobre o ofício de escrever
Perguntaram a Picasso sobre a sua inspiração. E ele: “Ah se ela viesse quando estou trabalhando”.
Paulo Mendes Campos falava da importância de Didi para Garrincha. Para escrever você precisa ter Garrincha (mão) e Didi (cabeça) dentro de você
Escrevo um livro para corrigir o anterior.
Gosto dos livros de Garcia Marquez, mas não teria prazer de tê-los escrito.
Advérbios são palavras que existem para não serem usadas. Adjetivos, aquelas putas, dizia Cortazar.
Um bom livro se faz sozinho. Se a mão esta feliz, o livro sai bom.
O Lobo Antunes é de uma suavidade palpável.
A voz mansa, as palavras que utiliza, a forma que se expressa, ele é uma poesia delicada.
Os aplausos da platéia de pé foram mais do que merecidos. A forma doce com que agradeceu ao público mostra um ser humano genereso, humilde que me encantou.
A mesa dele foi recheada de bom humor, carisma, curiosidades sobre sua vida e relacionamento com escritores, editores, agentes. Falou com carinho e admiração de Jorge Amado e João Ubaldo. Ele contou de sua infãncia de forma alegre e engraçada. Falou muito de seu pai e avô
Transcrevo abaixo aguns trechos:
(O pai) — Ele lia poemas em voz alta, e o primeiro poeta que leu para nós foi Manuel Bandeira. Ele gostava de artes, e pouco antes de morrer disse que queria deixar para os filhos o amor das coisas belas. Era um escritor frustrado, tinha a sensibilidade, mas não os meios de se expressar.
— Escrever é um trabalho impossível, porque você está trabalhando com coisas intraduzíveis, anteriores às palavras, e todo o problema é como transformá-las em palavras — disse. — Nas duas primeiras horas, sua polícia política ainda está funcionando. Cansado, as coisas começam a sair de regiões que nem você conhece.
— Nos momentos mais felizes, parece que um anjo está escrevendo para você. Uma vez estava escrevendo e as lágrimas caiam. E eu não sou um homem de muitas lágrimas. Mas são momentos raros. Há alturas que você pensa: “eu não vou ser capaz, para que escrever?”. Só vale a pena escrever quando nos é inconcebível, porque ler dá muito mais prazer. O leitor tinha que vir na capa do livro, não o escritor. Um livro bom é aquele que só foi escrito para mim. Os outros exemplares dizem coisas diferentes.
Sobre a família
Eu tinha 12 anos. Meu avô me chamou e disse: “Ouvi dizer que você escreve versos. Você é viado?”
Meu pai não queria ter filhos, queria ter campeões de caratê. Tínhamos que ser os melhores em tudo.
Minha avó achava o alemão um bom idioma para falar com os cavalos.
Sobre literatura brasileira
Para mim, o grande poeta do século XX é Cabral (João Cabral de Mello Neto). Também gosto de Drummond
Com a prosa (brasileira) tenho uma relação mais difícil. Começo a ler, tenho vontade de corrigir.
Jorge Amado gostava de me abraçar, me beijar. Ele dizia: “Gosto de lamber minhas crias”.
Sobre o ofício de escrever
Perguntaram a Picasso sobre a sua inspiração. E ele: “Ah se ela viesse quando estou trabalhando”.
Paulo Mendes Campos falava da importância de Didi para Garrincha. Para escrever você precisa ter Garrincha (mão) e Didi (cabeça) dentro de você
Escrevo um livro para corrigir o anterior.
Gosto dos livros de Garcia Marquez, mas não teria prazer de tê-los escrito.
Advérbios são palavras que existem para não serem usadas. Adjetivos, aquelas putas, dizia Cortazar.
Um bom livro se faz sozinho. Se a mão esta feliz, o livro sai bom.
Domingos de Oliveira na FLIP
Para mim ele foi inesquecível, ouvi-lo foi de uma graça que produz sorrisos até agora.
Seu eu pudesse iria beijá-lo e dizer: Te ouvir hoje foi um presente que fez meu coração sorrir nostálgico.
Trechos:
DOMINGOS: Há pessoas que sofrem com a separação. Para outras, mais raras, ela é um alívio.
Tive cinco casamentos e cinco separações e não tenho nada a dizer sobre o assunto. Há algumas coisas que quanto mais se vive, mais se conhece, mais se pensa e mais obscuras ficam.
Minha primeira separação foi muito sofrida. Foi nessa época que conheci a psicanálise e, logo depois, o álcool.
Minha segunda separação foi muito sofrida. Eu tinha três namoradas e brochava com todas elas.
Não conheço um casal decente que não tenha um sólido desejo de separação.
Continuo querendo me separar a Priscila e ela de mim, porque somos pessoas normais e nos amamos muito.
A verdadeira arte de viver talvez seja tentar ser o que você é, o que, naturalmente, é muito difícil.
RODRIGO: 99% da nossa vida passamos fazendo coisas banais. Indo ao banco, ao médico, no trânsito. Temos que extrair um significado mais profundo e ressignificar esses momentos. Se não soubermos revalorizá-los, não tem escapatória, e a vida de torna insuportável.
DOMINGOS: Não existe banalidade no mundo. Ela é apenas aparente. A vida de todo mundo é um turbilhão, que escondemos para cumprir nossos papéis sociais,
Abaixo, o texto do final de "Separações", de Domingos de Oliveira, lido por Rodrigo Lacerda em homenagem ao cineasta.
"O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento interrompendo a sessão do circo
Pode tembém o Homem Lúcido optar pela vida
Aí então ...
Ele esgotará todas as suas possibilidades
Ele passeará pelo seu campo aberto pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturais e em idade avançada
cercado pelos seus filhos e pelos seus netos que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido uma aura de bondade
Dir-se-á: "Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!"
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vida com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com Os Homens Lúcidos"
Acrescento:
"Temos a arte para que a verdade não nos destrua”. Nietzsche.
E o ser humano deve então ser lúcido, muito lúcido para amar e perder, perder e amar, amar e perder… É dura a vida. Nós bebemos, quebramos mãos, visitamos psiquiatras. Nós sofremos, mas temos a arte. Por ela, vivemos. (Domingos)
Lendo essas palavras me sinto tão pequenininha, assim um ser humano meio perdido mesmo.
Tudo assim escrito e organizado parece tão óbvio e tão certo que dá a sensação (falsa, claro) de que a vida funcionaria perfeitamente se a gente deixasse tudo fluindo na mais perfeita ordem.
E ai me pego aqui a pensar que a minha vida é um caos disfarçado de uma organização dissimulada.
E eu aqui sigo a tirar as mãos dos olhos por alguns segundos e olhar esta bagunça para logo em seguida colocar as mãos de volta sem ter coragem para encarar tudo que eu tenho que arrumar.
E aquele pó embaixo do tapete acumulado a anos, que eu tropeço e insisto em deixar pra lá só para não levantar a poeira que incomoda. "Deixa lá, amanhã eu olho pra isso, e amanhã é sempre amanhã e nunca chega.
Seu eu pudesse iria beijá-lo e dizer: Te ouvir hoje foi um presente que fez meu coração sorrir nostálgico.
Trechos:
DOMINGOS: Há pessoas que sofrem com a separação. Para outras, mais raras, ela é um alívio.
Tive cinco casamentos e cinco separações e não tenho nada a dizer sobre o assunto. Há algumas coisas que quanto mais se vive, mais se conhece, mais se pensa e mais obscuras ficam.
Minha primeira separação foi muito sofrida. Foi nessa época que conheci a psicanálise e, logo depois, o álcool.
Minha segunda separação foi muito sofrida. Eu tinha três namoradas e brochava com todas elas.
Não conheço um casal decente que não tenha um sólido desejo de separação.
Continuo querendo me separar a Priscila e ela de mim, porque somos pessoas normais e nos amamos muito.
A verdadeira arte de viver talvez seja tentar ser o que você é, o que, naturalmente, é muito difícil.
RODRIGO: 99% da nossa vida passamos fazendo coisas banais. Indo ao banco, ao médico, no trânsito. Temos que extrair um significado mais profundo e ressignificar esses momentos. Se não soubermos revalorizá-los, não tem escapatória, e a vida de torna insuportável.
DOMINGOS: Não existe banalidade no mundo. Ela é apenas aparente. A vida de todo mundo é um turbilhão, que escondemos para cumprir nossos papéis sociais,
Abaixo, o texto do final de "Separações", de Domingos de Oliveira, lido por Rodrigo Lacerda em homenagem ao cineasta.
"O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento interrompendo a sessão do circo
Pode tembém o Homem Lúcido optar pela vida
Aí então ...
Ele esgotará todas as suas possibilidades
Ele passeará pelo seu campo aberto pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturais e em idade avançada
cercado pelos seus filhos e pelos seus netos que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido uma aura de bondade
Dir-se-á: "Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!"
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vida com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com Os Homens Lúcidos"
Acrescento:
"Temos a arte para que a verdade não nos destrua”. Nietzsche.
E o ser humano deve então ser lúcido, muito lúcido para amar e perder, perder e amar, amar e perder… É dura a vida. Nós bebemos, quebramos mãos, visitamos psiquiatras. Nós sofremos, mas temos a arte. Por ela, vivemos. (Domingos)
Lendo essas palavras me sinto tão pequenininha, assim um ser humano meio perdido mesmo.
Tudo assim escrito e organizado parece tão óbvio e tão certo que dá a sensação (falsa, claro) de que a vida funcionaria perfeitamente se a gente deixasse tudo fluindo na mais perfeita ordem.
E ai me pego aqui a pensar que a minha vida é um caos disfarçado de uma organização dissimulada.
E eu aqui sigo a tirar as mãos dos olhos por alguns segundos e olhar esta bagunça para logo em seguida colocar as mãos de volta sem ter coragem para encarar tudo que eu tenho que arrumar.
E aquele pó embaixo do tapete acumulado a anos, que eu tropeço e insisto em deixar pra lá só para não levantar a poeira que incomoda. "Deixa lá, amanhã eu olho pra isso, e amanhã é sempre amanhã e nunca chega.
Feira Literária de Paraty 2009, as ruas.
Eu acabei de chegar da FLIP e antes de entrar nos blogs e ler sobre a feira eu quis deixar aqui a minha impressão para que não sinta impacto dos outros olhares.
Desde que eu soube da FLIP eu quis estar lá. Nunca deu certo das minhas férias serem nesta época. Quando me falaram na empresa que eu iria pra lá a trabalho, fiquei super feliz. E apesar de ter trabalhado muito duro, estou grata por ter ido.
Foram dias encantadores, eu conheci pessoas interessantes, encontrei pessoas legais e vi muita gente de óculos.
Em Paraty se sentia cheiro de livro novo, maresia e em algumas esquinas um cheiro discreto de erva.
Nestes 4 dias respirei arte. Em todas as esquinas do centro histórico tinha algum tipo de artista exibindo e tentando ganhar o pão com seu ofício.
Poetas, músicos, pintores, escritores solitários, ou não. Pessoas obstinadas, determinadas, cheias de esperanças, artistas desejando um reconhecimento, pessoas de coragem, sem sombra de dúvidas, pessoas especiais.
Fiquei impressionada com o que vi nas ruas, mais até do que com o que vi lá dentro das tendas realmente.
A cada passo uma surpresa, um toque da magia da arte a me alegrar o coração.
Longe de mim afirmar que todos ali tinham talento, não é disso que estou tratando. Todos ali definitivamente são artistas mesmo que na arte do não desistir, na arte da vida.
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