Sussurros de girassóis e a utopia do desejo

Foi na palidez daqueles girassóis desbotados é que ela se confrontou com a utopia do seu desejo. Ela queria a paixão transformadora, daquelas que tiram o eixo e reorganizam ou modificam tudo do lugar. 
Ela queria que ele a amasse ao ponto de entregar-se;
Ela queria ver nele o reflexo do sentimento que a tomava por completo.
Os girassóis desbotados falavam baixinho em seu ouvido para não feri-la.
A confirmação do que já sabia girava em torno dela como um filme que já foi visto enumeras vezes na esperança, irreal, de que o final mudasse.
Na sua boca o gosto da desilusão congelava todo seu corpo, se não fosse pelo acelerado triste do seu coração, pareceria o congelamento da decepção anunciada.
A verdade girava em nota insuportável.
Suspiros e respirações profundas a traziam cada vez mais perto do fim do sonho de beijos de amora e banhos de cachoeira. Estava deixando ir e sofria.
Seu amor era tão doce que, por um instante, quase a fez esquecer dos sussurros dos girassóis.
Ela queria a vida, paixão, entrega, sensações e descobertas. 
E o que ele oferecia era a facilidade de um sentimento tão seguro que não oferecesse qualquer risco de perder-se na paixão.
A constatação do óbvio a fazia sangrar de conformismo. É assim que é. E mais nada.

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