Me parece das missões das mais difíceis ser pai de menina.
Digo isso por mim, para que não haja controvérsias, já que não é a polêmica o objetivo desta postagem.
Para uma menina seu pai é o seu primeiro grande amor, é a sua primeira e mais forte referência masculina, é sua fonte de inspiração na relação homem-mulher, é seu ponto de partida nas relações afetivas.
Meu pai sempre teve defeitos como qualquer ser humano, mas soube, com toda a sua simplicidade, me mostrar o que é o amor, como se deve demonstrar, oferecer e receber carinho.
Graças a ele eu soube que o carinho a gente oferece e ponto, a outra pessoa aceita se quiser, sem obrigação, sem cobrança, sem esperar nada como retorno.
Meu pai sempre foi muito carinhoso comigo, mesmo quando não estávamos mais perto fisicamente, ele me telefonava para dizer que me amava e que sentia saudade e para me perguntar se eu estava feliz. Sempre me dizia para buscar um trabalho pelo qual eu fosse apaixonada porque trabalhar sem amar o que se faz era muito cansativo. Foi o que eu fiz. Hoje amo apaixonadamente o que eu faço e não me canso.
Meu pai me ensinou a ser independente, desapegada, a ser do mundo e a ter sede de conhecimento.
Meu pai me ensinou que o respeito é coisa que não se exige, ele é emanado por você, as pessoas ao seu redor apenas o sentem porque ele já está em você.
Ele sempre respeitou minhas escolhas, apesar de as vezes não concordar com algumas delas, nunca invadiu minha vida com opiniões e julgamentos que eu não tenha pedido.
Isso tudo não quer dizer que ele nunca tenha errado comigo em nossa vida compartilhada, isso não vem ao caso hoje, porque hoje é o dia de falar dos acertos e não dos enganos.
Eu tenho certeza que ele não concordou comigo muitas vezes e que me julgou (talvez) mas isso ele fez em silêncio, pois não me castigou com seus pensamentos e julgamentos contrários, o que eu agradeço imensamente. Não há nada pior para uma filha que está passando por momentos difíceis do que no meio do seu inferno ter que argumentar com seu pai ao invés de poder correr para seu colo.
Todos erramos, todos nos enganamos, nenhum de nós é o senhor da razão. E a vida, cada um tem a sua para cometer seus próprios erros, a consequência disso é de cada um e ninguém tasca.
Meu pai me ajudou a ser quem eu sou, me ajudou a ter coragem para me arriscar, me ajudou a identificar quem me ama, me ajudou a ter senso crítico e a defender meu ponto de vista com dignidade.
Mas sem dúvida a coisa mais importante que meu pai me ensinou foi sobre ser amada.
Na minha vida amorosa eu posso ter me enganado em relação ao caráter dos meus companheiros, mas de forma alguma eu errei quanto o amor deles por mim. Talvez na minha ilusão juvenil eu tenha imaginado que aquele amor seria capaz de mudar qualquer coisa, até caráter ou personalidade, hoje eu sei que nem o maior amor do mundo é capaz destas coisas.
Meu pai me ensinou a ser amada com qualidade, com bem estar, me ensinou tão bem, que mesmo amando e sendo amada, sou capaz de ir embora se não sinto o bem estar na relação.
Meu pai me ensinou a ser segura de mim mesma, do meu sentimento, me ensinou a amar com qualidade, e por este critério eu posso errar de pessoa, mas jamais por amar ou ser amada de menos.
Ser pai de menina é isso, elevar o critério de escolha, contribuir com a qualidade da seleção natural.
Valeu pai! Te amo!
Lindo texto, seu pai deve estar orgulhoso.
ResponderExcluirPara ele eu disse pessoalmente, ele ficou feliz em saber!
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