Fronteiras individuais na vida de casal

Quando estamos acostumados a nos movimentarmos dentro de uma feliz vida solitária e nos apaixonamos, é um grande desafio a vida a dois.
Diferente de alguém que está ávido por ter companhia, por carência ou por simplesmente porque prefere estar acompanhado, nós os felizes solitários sentimos prazer mesmo quando não temos alguém por perto. 
A solicitude pode ser uma conquista ou uma característica que já vem de "fábrica", não importa se você nasceu com ela ou se a conquistou no decorrer da vida, o fato é que se você não sente a necessidade de estar rodeado de gente para ser feliz, você a possui.
De forma alguma quero dizer que não precisamos de ninguém, que não gosto de estar com pessoas, por favor, não me entenda mal. Estou falando sobre apreciar os momentos em que esteja só com a mesma alegria, sem a dependência externa de companhia.
Para mim este é o sentido da verdadeira felicidade interior, aquela felicidade serena do fundo do mar.
Por esta razão as fronteiras individuais são mais difíceis de se atravessar, se é que são possíveis de travessia.
Eu não acredito em uma relação em que cada um tenha que se tornar um, o casal, para que seja feliz. 
Eu acredito numa relação em que cada um mantenha sua identidade, mas que esteja disponível para caminhar como um casal, sem perder sua individualidade, sem deixar de cultivar seu próprio universo.
Suas paixões, motivações, sua forma de se nutrir na vida, seus interesses e sua dinâmica individual formam parte fundamental do interesse que você despertou no outro, foram por estas coisas também que o outro se apaixonou por você. E se, no decorrer da sua relação tudo isso ficar para trás, não se surpreenda em ver seu relacionamento escorregar pelo tédio normal dos relacionamentos decadentes.
A vida é mais do que o emaranhado de tarefas, compromissos e obrigações que nos fazem ir de um lado para outro todos os dias. 
O brilho nos olhos, o sorriso fora de hora e aquela ruga que surge na sua testa quando você se sente intrigada é uma brecha que se mostra diante do turbilhão da vida cotidiana, e um olhar um tanto atento está ansioso para te ver passando pela vida neste instante, o olhar de quem se apaixonou por esta pulsação vibrante do seu universo particular.
Meu universo particular que guarda o sentido da vida, felicidade como aquela serenidade profunda do mar, é o meu maior tesouro, eu posso compartilhar com alguém, mas jamais abandoná-lo.




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