A gente muda, ainda bem!

Outro dia eu estava conversando com uma amiga que encontrou uma antiga paixão do colégio, ouvindo a estória dela, eu pensei, ainda bem que a gente muda!
Ela era uma adolescente não tão atraente e era apaixonada, assim como todas as garotas da sala por um cara, que óbvio, não dava a mínima pra ela e as amiguinhas. O carinha era um deus grego, porque olharia para as mortais? Ele só andava com as tops do colégio.
Os anos se passaram, ela estudou bastante, viajou muito, emagreceu, fez plástica no nariz, colocou silicone, virou um mulherão.
E, como a vida é ironica, um belo dia encontrou o deus grego na livraria, ela estava comprando um guia de viagem porque vai passar as férias de final de ano na Grécia, ele estava procurando um cd, se encontraram no caixa. Ele praticamente não a reconheceu, mas ela quase morreu ao vê-lo depois de tanto tempo.
Claro que foi ela quem disse, oi tudo bem, você lembra de mim? O deus grego já nem era tão deus assim e quando viu aquele mulherão jamais imaginou de pronto que era aquela gordinha do colegial.
Os dois conversaram um pouco, falaram das pessoas daquela época, trocaram telefones e se despediram.
Ela foi embora pensando que tinha acertado na mega sena (lógico, ela só conseguia lembrar do deus grego com barriga de tanquinho e toráx malhado do tempo do colégio) e ele pensando que ela estava no papo.
Dois dias depois ele ligou para ela e eles combinaram de se encontrarem, ele foi buscá-la na casa dela.
Quando ele chegou, ela começou a cair em si, já não viu mais o tal tanquinho, no lugar tinha sim era uma barriguinha de chopp em evidência.
O cabelo meio desfeito, com ar rebelde, na verdade servia para esconder uma calvície proeminente. Até ai tudo bem, ela pensou, ele deve ser uma pessoa mega interessante, afinal todas as garotas eram apaixonadas por ele.
Quando chegaram ao restaurante é que o pesadelo começou.
Ele não tinha a menor educação, morava com os pais aos 39 anos, tinha um carro caindo aos pedaços, suas viagens se resumiam ao fim de semana na praia, não gostava de ler, ouvir música, teatro então, nem pensar com o preço do ingresso ele vai ao estádio ver um jogão.
Profissionalmente frustrado e para piorar a situação bebeu demais e começou a falar de todas as transas do colégio.
A garotinha apaixonada do colegial deu lugar a mulher bem resolvida que se deu conta da loucura que estava fazendo querendo resgatar uma história que não foi e não seria possível.
Ela pediu a conta, disse que poderia dirigir o carro porque ele havia bebido, claro que o troglodita não deixou, então ela pediu um táxi e foi pra sua casa.
A gente muda, ainda bem!
O que hoje parece um desejo incontrolável, amanhã não faz nem cócega, como se nunca tivesse existido.
O que dói hoje, amanhã é uma marquinha tipo estas de catapora, que você só lembra que teve porque existe esta marquinha.
Aquele amor que parecia ser eterno vira um amontoado de cartas e fotos numa caixa esquecida no fundo do armário.
Aquele homem que te fazia queimar com um simples olhar, não te faz sentir sequer um arrepio.
A vida é uma transformação constante, e a gente muda com ela o tempo todo.
O melhor a fazer é deixar a natureza agir e aceitar que, como canta o Lulu Santos:

"Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

Nada do que foi será
De novo do jeito
Que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar"

Um comentário:

  1. É como uma onda no mar! É assim mesmo, o cíclo da nossas vidas! Bj

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