Eu gosto de pensar sobre o significado das coisas, principalmente quando envolve sentimentos.
Eu não sou do tipo que se sente culpada. Foram anos de terapias e práticas para ressignificar e entender a diferença entre culpa e responsabilidade. Além de décadas da minha vida onde permiti que me manipulassem a partir da culpa que me incutiram, quando na verdade eram suas próprias neuroses, traumas e crenças distorcidas. Coisas que deveriam estar sendo tratadas em terapia e não sendo atiradas como lanças nefastas em relacionamentos e afetos, todos eles, incluindo amizades e familiares, além do amoroso. Essa minha INdisponibilidade para satisfazer a expectativa do outro sobre aquilo que ele gostaria que eu sentisse para atender sua necessidade, é um tipo de liberdade, que não sem dor, me faz reconhecer quem eu realmente sou e o que genuinamente brota no meu coração e não do meu ego. A dor vem de perceber que ao não permitir que meu coração seja colonizado, alguns confundem com frieza e desamor, mas eu costumo pagar o preço. Distorções do significado de amor, amizade e afeto que foram sendo metamorfoseadas em sofrimento comunitário e sacrifício. Amor é mais próximo de liberdade do que de expectativa e, não tem nada a ver com querer que o outro supra a necessidade que eu mesma deveria suprir, sobre meu bem estar, minha alegria, minha felicidade.
Então assumir a responsabilidade é totalmente diferente de se sentir culpada. E todos nós deveríamos refletir sobre este desejo maléfico de que os outros sintam culpa para que se movam como a gente acha que seria mais “amoroso “ e também refletir, honestamente sobre o prazer que pode surgir ao ver o outro se sentindo culpado por algo que nos afetou. Amenizar danos é assumir a responsabilidade e arcar com as consequências de um ato. E, muitas vezes implica em atitudes efetivas e não em sentimento de culpa, pois sentir-se culpado não altera em nada o que foi feito ou dito ou não feito ou não dito. A corrupção do coração nasce no ego carente e desesperado por ser amado, por ser validado em suas distorções.
Que todos nós possamos encontrar em nossos corações a verdade essencial de nosso ser. E, com aceitação e amorosidade possamos permitir que cada um seja o que pode ser, porque isso é ser adulto, isso é ser espiritualizado afetivamente.
Não colonize o coração de alguém e não permita que façam isso com o seu.
Se relacionar em liberdade é que é amar verdadeiramente.