Hoje eu queria escrever alguma coisa sobre como ando vendo mulheres maravilhosas questionando sua beleza, sua idade, sua essência só porque estão sem um parceiro.
Eu vejo que elas sofrem e no meu coração há um desejo genuíno de ampará-las. Eu já estive neste lugar e agora sei que ele não é real, é uma ilusão, é uma distorção.
Ontem eu assisti o filme "Os homens são de Marte e é para lá que eu vou". Em algum momento da minha vida de solteira eu já passei por algumas daquelas cenas, ri alto de mim mesma quando me recordei ... Hoje eu sou tão diferente...
Não importa a idade, muitas de nós ainda querem ser amadas, aceitas, respeitadas e honradas na condição de parceira. Isso não nos torna fracas ou imaturas, mas apenas humanas.
Acontece que as vezes isso não acontece no tempo que queremos, pode demorar, pode ainda não acontecer. E se a mulher não estiver na inteireza do seu ser, ela pode colocar uma carga enorme sobre si mesma, carregada de culpa, traumas, complexo de inferioridade, ou ainda entrar numa paranoia com sua auto imagem, se achando feia, velha ou desinteressante. Nesta fase o tempo vira um vilão veloz e tudo isso pode desencadear uma crise de tristeza, depressão ou até pânico.
O que eu gostaria de dizer para essas mulheres é que elas são lindas, que a unica coisa que podem fazer é se conhecerem mais profundamente para poderem perceber sua própria beleza e seu valor único.
O mundo não deixa de existir se você se for, mas certamente ele estará diferente.
Como as flores de um jardim, assim somos nesta existência. Seres únicos, cada qual com seu perfume e beleza, cada qual com seu toque de mistério e frescor. Somos seres únicos, não há dois seres humanos iguais no mundo e, igualmente todos temos um coração digno e perfeitamente apto para receber o amor.
Este ano eu faço 40 anos, daqui a pouquinho, alguns dias apenas. Achei que com 30 e poucos estava em minha melhor fase, descobri que a melhor fase é sempre a que estamos hoje.
Estou falando da idade porque vejo que isso importa demais para as pessoas, já importou para mim. A minha alma não dá a mínima para o ano que nasci, eu me sinto plenamente a vontade para fazer qualquer coisa, mas hoje escolho melhor do que há 10 anos atrás. Sofistiquei minhas vontades.
Hoje eu conheço mais o meu corpo, também o movimento mais, não com qualquer atividade, mas com escolhas prazerosas.
Também escolho melhor a comida e prazer e saúde andam juntos.
Reconheço como meu corpo se comporta com cada escolha que eu faço e isso inclui os homens.
Eu já tive algumas experiências amorosas, me permiti casar com todo o protocolo, morar junto, namorar para casar, namorar por namorar, namorar a distância, transar sem amar, transar sem conhecer, transar por transar, só para relaxar. Eu já fiz algumas coisas, me permiti, mas não precisei repetir as experiências para saber o que me fazia bem ou não.
Minha natureza é auto observadora, pode não ser tão imediatamente, mas eu sempre sei se aquela experiência vale a pena repetir ou partir para a próxima. É para me descobrir que eu me permito, para aprender sobre mim, sobre meus mecanismos, para desenvolver ensinamento próprio sobre quem eu sou, o que me faz feliz e o que não me acrescenta.
Não é tão simples, muitas vezes dói, mas viver é isso mesmo, sempre podemos aprender, sempre.
Pela primeira vez, eu me propus um celibato, 2015 foi o ano das experiências sem sexo, muita meditação, muita prática espiritual e de auto observação e paradoxalmente, o despertar da minha consciência sexual.
Eu posso direcionar a minha energia, eu posso escolher com quem eu quero compartilhar dela e sei que não é com alguém querendo mais uma distração.
A minha maior riqueza é o que eu trago dentro de mim, minha energia, meus sentimentos, minha experiência, meu coração e meu templo sagrado (meu corpo).
Da mesma forma que escolho os alimentos hoje eu escolho os homens.
Primeiro eu quero saber do que é feito, quero conhecer para saborear, sem pressa, sem medo, quero permissão para entrar e calmamente descobrir sua matéria, sua verdade, quero degustar vagarosamente sua essência.
Para isso é preciso disposição, então alguém que está acostumado ao fast food, talvez não entenda. Talvez o ritual seja longo demais para ele, talvez saborear cada sutileza seja muito demorado, talvez ele tenha pressa, talvez ele seja hiperativo, talvez ele tenha muitas opções mais rápidas, talvez ele esteja em um momento diferente, talvez ele precise de diversidade para se sentir satisfeito, talvez ele queira mais diversão e distração, talvez essa profundidade seja monótona demais para ele, talvez simplesmente não seja eu a mulher que o fará respirar e sentir; E é isso que hoje me economiza energia, eu já sei o que eu quero e já sei o que quero evitar.
Romantismo a parte, nós podemos manifestar nossos desejos e respeitar as diferenças de direções opostas sem que isso se torne um conflito, somos adultos e intelectualmente capazes de entender uma mensagem.
É fácil esbarrar em alguém, o encontro é mais do que isso. O encontro entre duas pessoas vem junto com encontro de desejos, de vibração, de sintonia e com alguma sorte, vem com o encontro de motivações e de sentido de vida. Não há como caminhar com alguém que deseja chegar ao norte se você anseia pelo sul. É tão simples como uma viagem.
Então hoje, quando eu esbarro com alguém assim ou eu desfruto de um momento ou eu deixo passar e agradeço, seja lá o que aconteça é uma oportunidade, é uma chance de escolhas.
Uma vez uma amiga me perguntou se eu não pensava no pesar da história não ir além, nos motivos. Não, eu não gasto minha energia assim.
Se eu queria muito e a pessoa não manisfestou a mesma disposição, eu sinto muito, por ele. Eu sei da maravilhosa experiência que teríamos, eu sou única, minha energia é única, a experiência numa troca de energia comigo seria única. Ele nunca saberá, mas eu sei que eu sou uma mulher incrível, deliciosa e cheia de amor para compartilhar. Então, eu sinto muito, por ele, porque eu estava disposta e ele não, foi ele quem se fechou.
Isso não é arrogância, é integridade, é amor próprio, é honrar o que se é, um ser único e maravilhoso. Assim sou eu e assim é você. Isso não elimina sua auto observação e sua caminhada de desenvolvimento interior, mas te retira do papel de vítima, que não te ajuda em nada.
O amor acontece para os que se amam, um ser inteiro não precisa ser metade de alguém, é feliz com sua existência. Então ame-se, não espere que alguém faça isso por você.