Encontros especiais são eternos dentro da gente

Quando algo especial acontece entre duas pessoas: Quando uma sintonia inexplicável te faz sentir acompanhado; quando a afinidade de pensamento surge nos detalhes; quando aquela companhia transforma qualquer lugar no melhor cenário; quando o filme chato vira piada; quando uma discussão termina em risadas de doer a barriga; quando você se sente confortável para compartilhar os seus mais absurdos pensamentos; quando um carinho, uma atenção, um cuidado tem mais valor do que qualquer outra coisa que você já quis antes; quando você se sente simplesmente feliz naquela companhia. 
É tão natural que você queira mais desta sensação, queira mais vezes este encontro, é humano. Só nem sempre é recíproco e isto também faz parte, parte do que você precisa aceitar, parte do que é humano no outro. Encontro em tempo certo e desejos mútuos estão cada vez mais raros. Há que se aproveitar enquanto acontecem, desfrutar o momento enquanto tudo está acontecendo. Isso se chama estar presente, estar no agora.
Não perca sua energia pensando no que pode ser.
Se um encontro deste tipo acontecer com você, aproveite cada minuto como se fosse o último, afinal pode ser mesmo.


Eu quero um amor para a vida inteira

Eu queria um amor para a vida inteira. Não sonhei com isso, mas hoje percebo que queria e de tanto querer me perdi.
É nos olhares cúmplices dos casais de bodas que eu confronto meu desejo escondido.
Estes casais não reluzem a felicidade dos filmes ou das propagandas de margarina, eles são serenos, possuem a paz que emana da confiança no companheiro de viagem. A viagem que não é a de trem, essa que possibilita a troca do assento ao lado na próxima estação. Não, não é dessa que estou falando. Estou falando da viagem da vida, aquela viagem com tempo suficiente para trazer rotina, mas que não é o bastante para esgotar a conversa. 
A viagem da vida acompanhada por alguém que testemunhou os fatos mais importantes dos seus dez, quinze ou vinte anos. Alguém que sabe o que fez de você o que você é  hoje e não te julga, mas te admira por isso.
Um amor para a vida inteira parece uma utopia nestes tempos modernos de amores líquidos e efervescentes que eu não escolhi para mim. Se eu pudesse escolher hoje, seriam os tempos de namoro na varanda. Se eu pudesse escolher não teria me divorciado, aliás não teria nem casado tão cedo e talvez nem casado eu teria um dia.
As coisas vão acontecendo e perante delas agimos, fazendo o que deve ser feito ou o que podemos naquele momento.
Ver a simplicidade daquele casal construído em dezoito anos me fez pensar no quanto nos iludimos com os nossos desejos, relações fugazes e sentimentos efêmeros. 
Ele pede e ela faz, ela fala e ele ri, ele pensa e começa uma frase que ela termina. Ele endossa seus pensamentos, é uma parceria. 
Eu perguntei o que os mantinha tão unidos e ele pediu que ela respondesse. "O segredo é brigar sem se desentender", disse ela. E ele completou: "Faz dezoito anos que eu aturo está véia e ainda não a pedi em namoro". E todos rimos enquanto dois se olhavam carinhosos e risonhos. Essa relação não precisa de rótulos, ela é real demais para isso. Eles se entendem e estão juntos, é isso.
Foi aquela atmosfera simples e sólida que me encantou, um cheiro de cumplicidade, amizade, confiança, assim, simplesmente como deve ser, me emocionou. 
Eu queria ter um amor para a vida inteira, mas nem sei se meu coração suporta.
A minha última paixão foi tão arrasadora quando começou que quase me tira o chão, a casa, o emprego, o país, quando se foi, foi mais rápido do que quando começou, se desconstruiu como um castelo de cartas.
Eu queria um amor para a vida inteira que fosse boa pra mim, pra nós. E se não puder ser para a vida inteira, que seja para o que restar dela, que seja por mais tempo, que seja longa, mas se for boa.
"Talvez criar um espaço dentro da consciência grande o bastante para guardar e aceitar as contradições de alguém, e até suas idiotices, seja um tipo de ato divino. Talvez a transcendência não se encontre só nos picos solitários das montanhas ou nos ambientes monásticos, mas também na mesa da cozinha; na aceitação cotidiana dos defeitos mais cansativos e irritantes do parceiro.
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Portanto, não, quando menciono "tolerância" não falo em aprender a aguentar o que não presta. Falo em aprender a adaptar a vida da maneira mais generosa possível em torno de um ser humano basicamente decente que, às vezes, pode ser um pentelho insuportável. Quanto a isso, a cozinha conjugal pode se parecer com um templinho azulejado aonde vamos diariamente praticar o perdão como nós mesmos gostaríamos de ser perdoados.
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Mas quem sabe se esses atos minúsculos de tolerância domestica, de um jeito quieto e imensurável, também não são outro tipo de milagre.
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No fim das contas, parece que o perdão talvez seja o único antídoto realista que o amor nos oferece para combater as decepções inevitáveis da intimidade."
Do livro Comprometida de Elizabeth Gilbert, pag 118 e 119.
 Eu queria um amor para a vida inteira, nem sei  se o meu coração aguentaria, mas quero tentar.